BRASÍLIA – A Petrobras anunciou o aumento do preço do diesel em 8,87% nas refinarias a partir de terça-feira (10), o que significa uma mudança de 40 centavos no litro do combustível – de R$ 4,51 para R$ 4,91. O aumento ocorre menos de dois meses após a última alta, em 11 de março, quando o litro do combustível ficou 90 centavos mais caro.
Para o consumidor final – como caminhoneiros, transportadores de passageiros em coletivos – o reajuste deve chegar nas bombas aproximadamente na metade, com uma inflação de cerca de 4,5%. Mas conforme explicam os especialistas, ainda que a população não sinta o efeito diretamente em curto prazo, a alta deve, sim, ser repassada.
“O diesel já havia subido 49% nos últimos 12 meses, então qualquer reajuste que surja daqui pra frente pesa mais na estrutura produtiva”, aponta André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
O aumento tem pouco impacto no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medida usada para acompanhar tendências de inflação para o consumidor final. “Mas quando se trata do IPA, índice que mede a inflação ao produtor indústria e agricultura, o diesel tem um peso até maior do que a gasolina. Isso porque todo o processo produtivo, desde o funcionamento das máquinas agrícolas até sistema de logística. Tudo que consumimos de bens ou serviços tem o diesel como insumo em alguma magnitude”, explica Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital Markets. Dessa forma, ainda que não seja de um dia para o outro, os custos devem chegar à população.
“O repasse não é necessariamente um para um, há um espaço de margem dos produtores ou responsáveis pelo frete e parte da inflação pode ser diluída, mas o aumento é esperado porque as margens de lucro já estão comprimidas”, diz Felipe Sichel, economista-chefe do Banco Modal. Outro ponto que pode ser sentido pela população geral é o aumento das passagens de ônibus. “Sabemos o quão relevante é o transporte rodoviário e o transporte público urbano aqui no Brasil, e como os ônibus são movidos a diesel, é mais uma pressão sobre o preço das passagens”, aponta Sichel.