(*) Fernando Benedito Jr.
O problema da Damares – e cedo ou tarde isso será constatado – é psiquiátrico e é grave. Desde aquele lance de ver Jesus na goiabeira, algo de errado não está certo. Antes disso, veio aquela história de meninos vestirem uma cor e as meninas outra. Mas estas polêmicas não são nada diante dos fatos. Mesmo que não pense direito, Damares faz as coisas de caso pensado, para polemizar ou como dizem nas redes para “lacrar”, afinal, a “lacração” no Brasil atual é o que elege. Há quem prefira os corruptos tradicionais, mas nos últimos tempos, os eleitores estão preferindo os novos corruptos, os assumidos, descarados, lacradores, os mentirosos, tal qual ela.
É público e notório que Damares Alves é uma mentirosa compulsiva e doentia, mas ainda assim, ela foi eleita senadora pelo Distrito Federal. A futura senadora disse durante um culto religioso em Goiânia, que crianças da ilha de Marajó estavam tendo os dentes arrancados “para não morderem na hora do sexo oral”.
O nível de perversão de uma das maiores criadoras de fake news do País é elevado, embora não comprovado, como sempre:
“Isso tudo é falado nas ruas do Marajó, nas ruas da fronteira. No começo do meu vídeo eu falo Marajó, porque é onde a gente começou o programa. Mas o tráfico de crianças acontece na fronteira. Essa coisa de que as crianças quando saem, saem dopadas, e seus dentinhos são arrancados onde elas chegam, a gente ouve nas ruas na fronteira”, diz a ex-ministra, divagando nos detalhes.
Ouviu na rua. É igual comprar maconha do moço que passou num caminhão num posto de gasolina.
Há muito, a mentira tomou conta da cena política brasileira de forma irremediável, como uma coisa normal. Principalmente da cena política da extrema direita. É uma questão tática. Antigamente se um político fosse eleito afirmando que não confiscaria a poupança e, se depois de eleito ele confiscasse o dinheiro dos pobres, seria cassado, xingado, defenestrado, odiado. Hoje, contar mentiras o transforma em ídolo, mito, fenômeno de massas e, logo, líder político. É um caso a ser estudado.
Damares é um destes casos (assim como seu padrinho político). Ela mente para criar fato. De preferência fatos que causem terror nas pessoas menos informadas, nos evangélicos, nos incautos. Com o terror, ela busca criar um sentimento de repulsa anti-esquerda, anti-Lula, anti-PT, anti-comunista e anti outros fantasmas criados por sua mente insana. Anti os outros e pró a si mesma. E não importa se para criar tais fatos lance mão de cenas grotescas para despertar o imaginário popular. Quanto mais feio o diabo, melhor o efeito da demonização do outro.
O problema é quando o feitiço volta contra o feiticeiro. O que não deve tardar, porque mentira tem perna curta, dizem.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.