IPATINGA – O Centro de Biodiversidade da Usipa (Cebus) tem registrado um aumento expressivo no número de animais resgatados e encaminhados para tratamento, reflexo direto do período de estiagem e da intensidade das queimadas que assolam a região. Geralmente para julho, agosto e Setembro somados, o número de indivíduos recebidos não passava de 60. Neste ano, só nas duas primeiras semanas de setembro já recebemos 40 animais, em agosto batemos a marca de 45 animais.
Nos últimos meses, o fluxo de animais resgatados tem sido praticamente contínuo, com diversas espécies chegando em diferentes condições de saúde, debilitados, desidratados e, em muitos casos, com ferimentos graves.
QUEIMADAS
Entre os resgates mais recentes, destaca-se o caso de um filhote de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), transferido pelo Corpo de Bombeiros após ser encontrado no município de Ipaba. O filhote apresentava queimaduras nas patas e no focinho. Já na segunda-feira (18), um urubu foi encaminhado ao Cebus após ser encontrado em estado de grande sofrimento. Com queimaduras por todo o corpo o urubu não resistiu apesar do grande esforço empreendido para salvá-lo. Esses casos exemplificam o impacto que o fogo está causando na fauna local.
Lélio Costa e Silva, médico veterinário do Cebus, comenta sobre a situação. “Historicamente, o outono e o inverno são períodos em que recebemos menos indivíduos no centro. No entanto, este ano notamos uma chegada acentuada desses animais, especialmente nos meses de agosto e setembro. Muitos são trazidos após terem sido atropelados ou em busca de novos territórios, fugindo das queimadas”.
EQUILÍBRIO COMPROMETIDO
Lélio Costa e Silva também reforça a importância da conscientização sobre o perigo das queimadas. “Além de afetarem diretamente os animais, as queimadas comprometem o equilíbrio dos ecossistemas. A população precisa entender que evitar queimadas é uma ação fundamental para preservar a fauna e garantir a continuidade da biodiversidade.”
O Cebus segue atuando ativamente no tratamento e reabilitação dos animais recebidos, mas alerta para o impacto contínuo das queimadas e a necessidade urgente de ações para prevenir esses incêndios ambientais que afetam drasticamente a vida silvestre da região”.
