TeatroFarroupilha.com abre espaços de reflexões sobre o cenário caótico em que se tornou o Brasil. (Foto: Rodrigo Zeferino)
Grupo Farroupilha celebra 25 anos com peça documental sobre a trajetória da companhia
IPATINGA – Com o espetáculo TeatroFarroupilha.doc, a companhia de teatro ipatinguense de mesmo nome celebra nesta quarta-feira (29), às 20h30, no Teatro do Centro Cultural Usiminas, o jubileu de seus 25 anos, um tempo simbólico associável àqueles casamentos duradouros e tradicionalmente comemorados como Bodas de Prata. O Grupo de Teatro Farroupilha tem o patrocínio da Usiminas por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e apoio do Instituto Usiminas.
A peça, no gênero documentário e que tem dramaturgia assinado pelo ator Sinésio Bina, lança um olhar para a história do grupo, além de gerar uma reflexão sobre o mundo ao redor. A ideia existe desde 2017 como projeto sonhado, “montar um espetáculo de teatro documentário, tendo como mote os 25 anos do Grupo Farroupilha”, recorda o ator Didi Peres, que integra o elenco de TeatroFarroupilha.doc.
Ele destaca as mudanças que têm acontecido no Brasil, em Minas Gerais, em Ipatinga e também no Grupo Farroupilha, e que são a principal inspiração do espetáculo. “O Grupo Farroupilha vai estrear sua nova montagem numa retrospectiva do tempo consagrado à arte representativa e à celebração da máxima: “resistir é preciso”. Afinal, valeu a pena dizer sim à arte, vale a pena dizer sim todos os dias aos palcos, ao nosso respeitável público”.
A necessidade e urgência em resistir, segundo define Didi, se revela na nova peça do Farroupilha. “Felizmente tivemos parceiros maravilhosos nesta empreitada e todos imbuídos da mesma ideia. Criar um trabalho que se propõe a fazer uma leitura muito particular de um grupo de artistas, com 25 anos de atividades e que, partindo do foco da própria história, de resistência, se propõe a falar do mundo, do Brasil, de Minas e de Ipatinga, nosso pouso de água limpa”, sublinha.
Marcos Marinho, diretor do TeatroFarroupilha.doc, conta que o espetáculo é um trabalho aberto, colaborativo e que valoriza o processo de construção de cada detalhe de uma peça com possibilidades de se manter sempre em construção mesmo após a estreia, “porque ainda tem muita coisa pra contar”, resume, sublinhando em seguida que “alguns mestres em artes cênicas já disseram que “Teatro é encontro” – encontro consigo mesmo e com o outro. Então, celebremos”, convida.
Sinésio Bina, que assina a dramaturgia da peça, diz que o espetáculo é uma festa que se alimenta de si mesma, da própria história, da própria memória. “TeatroFarroupilha.doc surge das relações entre espaços, tempos e pessoas, costuradas pelas memórias registradas em materiais concretos, palpáveis, ou salvas na lembrança, e por aquelas memórias que o tempo se encarregou de esculpir nos nossos corpos. E por se tratar de fragmentos de tempo selecionados dos registros ou das memórias, este espetáculo se apresenta incompleto, inexato, em construção. Retoma o passado, sinaliza o presente e, por que não, prospecta o futuro.”
A atriz Claudiane Dias observa que o TeatroFarroupilha.doc é o olhar de dentro da vivência de grupo, por isso fragmentado e repleto de percepções pessoais que me levantaram alguns questionamentos. “Eu me perguntava se o que estava indo para a cena contemplava o objetivo de ser documental, se tinha fidelidade com a história vivida e o que a memória guardou? Fiquei com esta dúvida, mas percebi que era da natureza da construção do espetáculo, pois foram muitos anos de convivências, com tanta gente, que o pouco que aparecerá na peça, celebrará os 25 anos do Farroupilha, sabendo que o caminho percorrido é muito maior do que o encenado”, poetiza.
HISTÓRIA
Segundo Didi, o Teatro Farroupilha pode ser traduzido como um grupo cultural mineiro que comemora 25 anos de arte e resistência com a missão de ser um grupo de teatro que utiliza recursos de outras linguagens artísticas, com o objetivo de provocar a reflexão e contribuir para a formação e o fortalecimento do setor cultural.
Desde sua fundação em 1995, o grupo busca por uma linguagem interdisciplinar e mesclando estilos, ocupando palcos, ganhado as ruas e outros espaços alternativos.
Em sua trajetória o Farroupilha criou cerca de 30 espetáculos, além de performances e intervenções, lançou um CD com a trilha sonora original da peça Estórias de bichos e a revista Clown para todos. O grupo também realiza um trabalho pedagógico com oficinas e cursos livres de teatro e circo e tem circulado por várias cidades de Minas e outros estados. Seus espetáculos já receberam diversos prêmios em festivais nacionais e estaduais pelo interior de Minas. Em 2007, 2009 e 2011, o Farroupilha foi contemplado com o “Cena Minas – Prêmio Estado de Minas Gerais de Artes Cênicas”; em 2011 recebeu do extinto Ministério da Cultura o “Prêmio Funarte artes na rua”. Em 2012, teve um de seus projetos selecionado pelo Fundo Estadual de Cultura e em 2013 o espetáculo “O arquivo vivo” foi selecionado pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura 2013/2014 e circulou pelas cidades de Araxá(MG), Mariana(MG), Uberlândia(MG), São Mateus(ES), São Jose do Rio Preto(SP), Angra dos Reis(RJ) e Rio de Janeiro(RJ).
O Farroupilha participa do Movimento Cultural da Vale do Aço e desenvolve um trabalho baseado na cooperação entre seus membros, valorizando os processos coletivos de criação, sem deixar de levar em conta as inquietações e desejos individuais.
PRINCIPAIS ESPETÁCULOS PRODUZIDOS
2017 – PALHAÇADAS, direção Adriana Morales(Grupo Trampulim) e Porfilho Ximbica ou A receita do papai, direção, Gyuliana Duarte / 2014 – Borbulhinhas barulhentas, direção Coletiva; O Fi duma mãe, direção Didi Peres e Claudiane Dias / 2011 – O Arquivo Vivo, direção de Júlio Maciel(Grupo Galpão) / 2010 – Palhaços em reprise, direção de Luis Yuner / 2009 – Primavera cena curta selecionada para a edição comemorativa do 10º Festival Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, direção de Didi Peres e Claudiane Dias / 2008 – O musical Eles e Elis, direção de Didi Peres / 2007 – Ação, estado ou fenômeno da natureza, direção de Claudiane Dias / 2005 – Cortejo Clown Aí, direção coletiva / 2004 – Seis personagens à procura de um autor, direção de Eduardo Vaccari / 2002 – Pecados, direção coletiva e Olimpíadas clown, direção coletiva / 2001 – Estórias de bichos, direção de Brigitte Bentolila e Palhaços, direção coletiva / 2000 – Sanatório geral, direção coletiva / 1999 – A princesa engasgada, direção de Antônio Guarnieri-Grupo Farroupilha e Sai da toca, tatu, direção Didi Peres / 1998 – Cantigas, mitos e lendas e O pastelão e a torta, ambos com direção coletiva / 1997 – O caso dos rabanetes, direção de Othon Valgas / 1995 – As lavadeiras, direção coletiva e Quem quiser que conte outra, direção,Didi Peres.
SERVIÇO
Farroupilha.doc. Dia 29 de janeiro, às 20h30 , no Teatro do Instituto Cultural Usiminas. Entrada franca.