quarta-feira, dezembro 11, 2024
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Academia Olguin celebra 50 anos dedicados à arte e cultura

Comemorações do cinquentenário do bem tombado inclui aulas gratuitas de ballet clássico para a comunidade e o lançamento de um site com memórias e depoimentos

IPARTINGA – Era dezembro de 1971 e o refeitório desativado da Usiminas, totalmente adaptado, abriu suas portas para um empreendimento que iria transformar o modo de ver e fazer cultura na região do Vale do Aço. Há exatos 50 anos, era inaugurada a Academia Olguin e, em 4 de dezembro, teve início uma trajetória significativa para toda classe artística da região e para centenas de amantes da dança e das artes, de um modo geral.

Apresentação durante a cerimônia de entrega da restauração do Centro de Referência em Dança

Salette Olguin, coreógrafa e diretora Artística da Academia Olguin, destaca que as comemorações dos 50 anos presenteiam a comunidade com ações que permearam a trajetória do espaço ao longo dos anos: aulas gratuitas de ballet clássico. “Iniciamos em novembro as atividades da 14ª edição do projeto Centro de Referência em Dança do Vale do Aço. Recebemos mais de 200 inscrições e já estamos a todo vapor, com aulas semanais, para cerca de 100 alunas,” destaca Salette.

O projeto, que é patrocinado pela Usiminas, com apoio do Instituto Usiminas, e realizado pela Associação Cultural Zélia Olguin e Governo de Minas Gerais, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, atende crianças e adolescentes da rede pública de ensino, na faixa etária de 06 a 16 anos. As aulas vão até novembro de 2022, quando será apresentado um espetáculo especialmente montado com as participantes, marcando assim os 50 anos da Academia.

MEMÓRIA VIRTUAL

A história do espaço que marcou a origem das artes e da cultura no Vale do Aço vai chegar mais longe com o lançamento do site da Academia Olguin. Também como parte das comemorações entra no ar, neste sábado (04), o site www.academiaolguin.com.br, que vai apresentar, ao longo de 2022, as atividades desenvolvidas pela Associação Cultural Zélia Olguin.

Os cinquenta anos de história de gerações que passaram pela Academia vão abrigar o site, por meio de fotos e depoimentos. “São depoimentos emocionados que estamos recebendo diariamente e que muito nos enche de orgulho, pois mostram o quanto a Academia Olguin foi significativa na vida de muitas pessoas”, destaca Salette.

Inúmeras bailarinas passaram pela Academia Olguin onde receberam os ensinamentos do ballet clássico

ENSINAMENTOS

Anneliese Alvares, uma das primeiras bailarinas da Academia Olguin, conta em seu depoimento: “Dona Zélia Olguin, nos ensinou persistência, espirito de vitória e de garra. A família Olguin trouxe para Ipatinga, uma terra árida quando iniciou, cultura e movimento.” Já Maria Clara Salles, maitre de Ballet do Centro Mineiro de Danças Clássicas (BH), lembra da dedicação e amor que D. Zélia tinha pela dança. “Não tinha limites o prazer e o esforço que ela fazia em levar para Ipatinga espetáculos que ela achava que o público devia assistir”, comenta Maria Clara.

Meio século de histórias para contar

Tudo começou em 1964, com a chegada ao Vale do Aço da bailarina Zélia de Souza Franco Olguin, vinda de São Paulo, e seu marido, Matias Olguin, que era vendedor de livros técnicos. Zélia, que foi aluna de Madame Olenewa em São Paulo, trouxe na bagagem sua experiência e logo começou a ministrar aulas de ballet clássico em Timóteo. No ano seguinte abriu turmas em Coronel Fabriciano e em seguida em Ipatinga. Em 1970, vislumbrou num refeitório desativado da Usiminas a possibilidade de adaptá-lo e transformá-lo num espaço para abrigar suas aulas e as de Karatê, arte marcial praticada por Matias Olguin.  

Zélia e Matias Olguin recebem a Cidadania Honorária de Ipatinga

Com apoio e autorização da Usiminas, adaptou o espaço, dotando-o de salas de ensaios e palco. A inauguração da Academia Olguin, em 1971, foi um marco importante para o fomento e incentivo do surgimento de vários grupos culturais no Vale do Aço. Com isso, o espaço se transformou no mais importante Teatro de Ipatinga e, durante décadas, realizou e recebeu apresentações de artes cênicas e congêneres de várias localidades. 

Assim, o Vale do Aço foi inserido no roteiro de apresentações de grupos de dança e teatro da cena regional e nacional, que passaram a incluir a Ipatinga no roteiro da  circulação de espetáculos. Com todo esse movimento em torno da dança, várias academias do gênero surgiram e, em 1986, Zélia Olguin instituiu o Endança – Encontro de Dança do Vale do Aço. Durante anos, foi um dos mais importantes eventos do gênero, do interior de Minas, recebendo nomes como Ana Botafogo, Grupo Corpo, Ballet do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Cia. de Dança do Palácio das Artes, Centro Mineiro de Danças Clássicas, o grupo Raça de São Paulo e os grupos regionais.

Larissa e Maria Zélia Olguin da nova geração da dança ipatinguense

BOLSA DE ESTUDOS

Outro projeto importante, neste meio século de história, foi o Bolsa de Estudo para Ballet Clássico, instituído em 1999, que possibilitou a participação de alunas vindas da rede pública de ensino e continua sendo realizado até hoje, por Salette e Larissa Olguin, agora como Centro de Referência em Dança do Vale do Aço.

TOMBAMENTO

Tombada como Patrimônio Histórico de Ipatinga no ano 2000, foi recentemente restaurada, em projeto apresentado pela Associação Pró-Cultura de Ipatinga e patrocinado pela Usiminas. O espaço recebeu um novo telhado, novas instalações elétricas, pintura, correção de revestimentos, bem como adequações de acessibilidade e outras benfeitorias.

KARATÊ

A Academia Olguin é também referência no esporte. Com o Karatê, implantado por Matias Olguin, recebeu inúmeros alunos e realizou e participou de importantes campeonatos do gênero. A obra de Matias é continuada por Júlio Olguin, Faixa Preta 6º Dan, Pós-Graduado em Educação Física, pela UFJF/MG.

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