Opinião

A verdadeira crise que assola o Brasil (2)

(*) Wanderson Reginaldo Monteiro

“Crise”, essa é uma palavra que sempre causa medo na sociedade, e que ganhou bastante notoriedade e espaço nos últimos tempos. Ela é citada praticamente todos os dias nos telejornais, nos jornais impressos, revistas e também está na boca das pessoas.

Em nosso país, as várias “crises” ganharam tanto espaço que é praticamente impossível não falar de alguma delas quando conversamos com alguém.

Seja a crise econômica, política, penitenciária, judiciária, crise na saúde, crise na família, nos relacionamentos, no casamento, etc, sempre, em algum momento de nosso dia, o assunto “crise” é cogitado, mostrando que, mais do que nunca, estamos todos em crise.

Hoje, em nossa sociedade, tudo está em crise. A grande maioria dos sistemas que formam nossa sociedade, sejam grandes ou pequenos, está entrando, ou já entraram, em colapso.

Quando buscamos o significado da palavra “crise”, nos deparamos com alguns significados, como; “fase difícil, grave, na evolução das coisas”, “colapso”, “deficiência”, “penúria”, etc.

Mas, diante de todas as crises das quais estamos passando e vivendo hoje, a meu ver, a crise que mais afeta a nossa sociedade é a crise de integridade.

Mesmo vivendo diferentes crises sem precedentes em nosso país, a crise que mais nos assola é a de integridade. Os valores morais, que deveriam guiar a sociedade, são escarnecidos, zombados, pisoteados, por pessoas que pensam estar acima da lei e da moral.

Políticos sem escrúpulos vendem a alma da nação para serem eleitos, esquemas de corrupção escondem quadrilhas de colarinho branco, como estamos vendo a algum tempo. Leis não são cumpridas, por atingirem pessoas “importantes”, e tantos outros exemplos que poderiam ser dados que demonstram que o cerne de muitas crises é na verdade a crise de integridade do ser humano, exemplos que mostram que o verdadeiro motivo de muitas das crises que nós vivemos hoje em nosso país parte da crise de integridade de nossa sociedade. A lei do levar vantagem em tudo a qualquer preço, e a todo custo, parece governar todo o nosso povo. Corrompeu nossa sociedade, corrompeu o ser humano.

Não é por acaso que no nosso país as palavras “crise” e “corrupção” muitas vezes aparecem juntas. Isso porque, muitas de nossas crises atuais tiveram seu início na corrupção do ser humano. Muitas delas só vieram a acontecer porque, inicialmente, encontraram um caminho que poderia ser percorrido por meio da corrupção do homem, que encontra seu sustento na falta de integridade e retidão, do mesmo.

O que é a nossa crise econômica, senão, em grande parte, o resultado de grandes desvios e lavagens de dinheiro, que só foram possíveis por causa da corrupção de alguns homens, que encontra sua base em sua falta de integridade e retidão?

Quando se fala de corrupção, não é simplesmente o sistema que é corrupto, é o homem que é corrupto. O sistema só é corrupto porque os homens que o compõe são corruptos.

Com a palavra “sistema”, eu não quero dizer só o sistema político brasileiro, estou falando de qualquer grupo, associação, empresa, etc., todo e qualquer sistema que compõe a nossa sociedade, porque, infelizmente, não é só o nosso sistema político que é corrupto. Todos os sistemas que compõem a nossa sociedade estã impregnado por essa doença maléfica chamada “corrupção”. Como eu já disse, a lei do levar vantagem em tudo a qualquer preço, e a todo custo, parece governar todo o nosso povo.

A palavra “íntegro” tem como significados palavras como:  “inteiro”, “perfeito”, “reto”, “inatacável”. E, diante dessa lei de levar vantagem, movida pelo nosso egoísmo e sustentada por nosso orgulho, quantos de nós podemos dizer que somos completamente íntegros? Quantos de nós podemos dizer que somos retos? Perfeitos em nossas relações e tratos, inatacáveis em nossa conduta?

Diante disso, insisto em dizer; a crise que mais afeta a nossa sociedade é a crise de integridade.

O sistema político, o sistema judiciário, até mesmo o sistema familiar, entre outros, assim como qualquer outro sistema, por menor que ele seja, só reflete aquilo que as pessoas que os compõem o são. Então, se todos os sistemas de nossa sociedade estão corruptos, é porque, em todos eles, há pessoas que se corromperam, permitindo assim, o início da corrupção do próprio sistema.

E a corrupção do sistema, gerado pela falta de integridade das pessoas que o compõe, na maioria das vezes leva a crise, em maior ou menor escala.

Se a palavra “crise” tem como significados; “fase difícil, grave, na evolução das coisas”, “colapso”, “deficiência” e “penúria”, é justamente esse o estado em que se encontra a integridade do homem; em uma fase difícil, grave, na evolução do estado de integridade do ser humano. Nosso estado de retidão está deficiente, pois os “valores” que estão sendo passados e influenciados pela mídia nos levará cada vez mais longe da eficiência da retidão moral. E, infelizmente, todos os valores que antes poderiam ser considerados como perfeitos para tornar as pessoas “inatacáveis” – inculpavéis em sua integridade moral -, entraram em colapso e hoje se encontram na penúria, abandonados e esquecidos pela sociedade.

Nunca poderemos esperar que os sistemas mais importantes de nossa sociedade sejam retos, íntegros, e justos, se a matéria prima que os compõem não o são.

Precisamos já mudar as nossas perspectivas. Precisamos urgentemente revisar nossos valores morais e rever a nossa forma de agir e de viver no mundo.

Precisamos, cada um de nós, prezar pela integridade, retidão, e justiça, para que a sociedade do futuro seja íntegra, reta, e justa.

Que tomemos como exemplo todas as crises pelas quais nosso país está passando, das quais, muitas tiveram início pela falta de retidão e integridade do ser humano, de pessoas que querem levar vantagens em tudo, e que para isso não se importam em passar por cima de tudo e de todos.

A crise contra qual temos que lutar mais ferrenhamente é a crise de integridade, pois, muitas vezes, ou melhor, na maioria das vezes, será justamente a nossa falta de integridade e retidão que gerará e fomentará todas as outras crises.

(*) Wanderson Reginaldo Monteiro

(São Sebastião do Anta – MG)

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