Em cartaz na Netflix, documentário étnico protagonizado pelo xamã e líder Davi Kopenawa e elenco yanomami, revela a magia da vida na floresta amazônica e a luta pela preservação da cultura, do ecossistema e da própria existência humana
Veja o trailer:
“A Última Floresta” (Brasil, 2021, 1h14min, documentário), de Luiz Bolognesi, em cartaz na Netflix, é um documentário com ares de ficção – a partir de cenas dramatizadas – , com um elenco totalmente composto de índios yanomamis, narrado em tupi ( com legendas em português) e conduzido pelo porta-voz, xamã e líder índigena Davi Kopenawa, que também é co-diretor e co-roteirista da obra. O filme narra a luta dos yanomami pelo direito à terra, a luta contra o garimpo ilegal que invade seu território e aniquila sua gente, mas principalmente é um belo retrato de como os povos originários cuidam de si, do meio ambiente e de sua cultura. Ao longo do documentário, David Kopenawa narra histórias que buscam manter a tradição e a cultura yanomami, ao mesmo tempo em que destaca a luta de sua etnia pela sobrevivência em cenas que encadeiam mitos, folclore e a beleza natural que os cerca, assim como as ameaças que a presença do homem branco invasor representa para seu ecossistema e o meio ambiente como um todo.
SINOPSE
Os yanomami vivem numa área do norte do país, numa região de montanhas da floresta amazônica marcada por paisagens muito diferentes das que estamos habituados a ver. Chapadões imensos, cachoeiras, corredeiras descem pela mata densa. Muitas vezes, cerrados exóticos se sobrepõem às nuvens, no alto da floresta.
Nessas paisagens exóticas e pouco comuns, os yanomami escrevem uma rara história de resistência cultural em nossos dias. Enquanto outros povos são arrastados para a identidade do homem branco, seja pela invasão das igrejas evangélicas, seja pela penetração autorizada ou não de madeireiros, garimpeiros e engenheiros abrindo estradas ou construindo hidrelétricas, os yanomami, liderados pelo líder e grande pajé Davi Kopenawa Yanomami lutam para se isolar e manter a cultura espiritual e cotidiana viva. Travam uma verdadeira guerra para preservar suas identidades, com inúmeros conflitos internos, como o desejo dos jovens de terem celulares ou deixarem a vida na floresta pela vida nas cidades.
O filme “A Última Floresta” é um documentário de longa-metragem que pretende apresentar esses personagens e esse conflito através da observação de situações cotidianas dos yanomami. Do convívio com eles, do desejo de escutá-los e entendê-los a partir da lógica deles próprios, nascerá nosso filme.
DAVI KOPENAWA YANOMAMI
Davi Kopenawa é xamã e porta-voz do povo Yanomami. Nascido por volta de 1956 em Marakana, uma comunidade indígena no norte da Amazônia, Davi começou a lutar pelo reconhecimento da vasta área habitada pelos Yanomami em 1983.
Por 25 anos liderou incansavelmente a longa campanha nacional e internacional para garantir os direitos às terras do seu povo, pela qual ganhou reconhecimento dentro e fora do Brasil. Desde 1989, Davi fez diversas viagens ao exterior para se reunir com órgãos governamentais e ONGs com a finalidade de arrecadar fundos para projetos vitais de saúde e educação de sua comunidade, bem como também para expor as contínuas ameaças de garimpeiros, colonos e fazendeiros nas terras indígenas. Com isso, a área Yanomami foi oficialmente reconhecida pelo governo brasileiro em 1992, pouco antes de sediar a primeira Cúpula da Terra da ONU no Rio de Janeiro.
Vencedor do prêmio UN Global 500 em 1989, agraciado com a Ordem do Rio Branco pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1999, Davi também recebeu uma Menção Honrosa pelo júri do prêmio espanhol Bartolomé de las Casas em 2008.
Mais recentemente, Davi recebeu a Honra ao Mérito da Câmara Municipal da Boa Vista (RR) em 2012 e o prêmio Right Livelihood por seu trabalho na proteção ao meio ambiente em 2019. Em 2021, Davi se tornou membro da Academia Brasileira de Ciências. É co-roteirista e personagem do filme “A Última Floresta”.
ELENCO
O elenco de “A Útilma Floresta” é marcadamente étnico, comporto por: Davi Kopenawa Yanomami, Ehuana Yaira Yanomami, Pedrinho Yanomami, Joselino Yanomami, Nilson Wakari Yanomami, Júnior Wakari Yanomami, Roseane Yanomami e Daucirene Yanomami.
A direção é de Luiz Bolognesi, com roteiro de Davi Kopenawa Yanomami e Luiz Bolognesi; fotografia de Pedro J. Márquez e produção de Caio Gullane, Fabiano Gullane, Lais Bodanzky e Luiz Bolognesi.
O DIRETOR
Luiz Bolognesi escreveu e dirigiu o filme de animação “Uma História de Amor e Fúria” (2013), vencedor do Prêmio Cristal de Melhor Longa-Metragem no Festival de Annecy (França) e premiado nos festivais de Tóquio, Xangai, Atenas, Bordeaux, Strasbourg, Buenos Aires e pela Academia Brasileira de Cinema. É diretor e roteirista do documentário Ex-Pajé (2018), vencedor do Prêmio Especial do Júri nos festivais de Berlim e Chicago, e Prêmio da Crítica no Festival É Tudo Verdade, entre muitos outros.
Também dirigiu e co-dirigiu filmes como Pedro e o Senhor (1996), Cine Mambembe – O Cinema Descobre o Brasil (1999), A Guerra dos Paulistas (2002) e as séries Lutas.doc (2010), Juventude Conectada (2016) e Guerras do Brasil.doc (2019). É roteirista dos filmes Bicho de Sete Cabeças (2000), O Mundo em Duas Voltas (2007), Chega de Saudade (2007), Terra Vermelha (2008), As Melhores Coisas do Mundo (2010), Amazônia – Planeta Verde (2014), Elis (2016) e Bingo – O Rei das Manhãs (2017). Seus trabalhos receberam dezenas de prêmios nacionais e internacionais e foram exibidos em países dos seis continentes.