Nacionais

A queda de Regina Duarte

(*) Fernando Benedito Jr.

A atriz Regina Duarte não tem nenhuma chance no governo Bolsonaro. Mesmo que quisesse fazer alguma coisa não faria pela simples razão que o governo que ela integra e representa despreza solenemente a cultura. O ministério odeia a Cultura e os seguidores de Bolsonaro, na ampla maioria, são incultos e ignorantes. O desprezo é tanto que a Secretaria Especial de Cultura é um apêndice do Ministério do Turismo, áreas cuja afinidade não é lá tudo isso. Ela sabe o que é ser atriz, mas não sabe o que é cultura, nem o que fazer em seu novo papel de serviçal dos fascistas. Em breve vai estar pelos cantos, lamentando, arrependida – parece que tem pelo menos algum brio, já que mandou às favas a dignidade artística ao emprestar sua popularidade ao governo.

Regina Duarte caiu antes de tomar posse.

Assumiu o cargo sob fogo amigo e já na primeira semana enfrenta uma artilharia pesada, inclusive do próprio capitão que jurou defender até a morte. Não demora e estará no paredão de fuzilamento das facções milicianas.

Ao manifestar sua decisão de exonerar alguns nomes ligados ao olavismo, sofreu ataque direto do próprio Olavo de Carvalho, que a teria sugerido para o cargo, e se disse arrependido da indicação. Foi o suficiente para a milícia digital subir a hashtag #foraregina. Ela fez o que falou, demitiu os olavistas e, ato contínuo, tornou-se o cavalo de troia dos comunistas infiltrada no governo e, claro, alvo fixo das hordas digitais do bolsonarismo.

O presidente da Fundação Palmares, após a entrevista da chefe ao Fantástico, da Globo (emissora à qual era ligada por várias décadas e que desperta aversão em Bolsonaro e seus filhos), em outras palavras, disse que não lhe devia obediência. Na sequência, a atriz levou uma reprimenda pública do general Rego Bastos por se referir à horda olavista como facção. Carlos Bolsonaro, o filho responsável pela comunicação do governo nas redes já avisou que a partir de agora sua missão é derrubar a Secretária Especial de Cultura.

Para começar a primeira semana após a posse, o próprio presidente cassa a suposta carta branca que havia dado a atriz e a desautoriza publicamente no caso da nomeação de Maria do Carmo Brant de Carvalho para o comando da secretaria de Diversidade Cultural.

A queda final de Regina Duarte é só uma questão de tempo, de esperar pra ver até onde ela vai aguentar ser execrada e pisoteada pelos seus amigos e parceiros sem reagir.

Por uma questão de dignidade, os até aqui evidenciados já seriam mais que o suficiente para entregar o cargo e sugerir ao presidente e seus asseclas que façam bom proveito dele.

Aqui, na torcida.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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