(*) Wanderson R. Monteiro
É inquestionável que estamos vivendo tempos conturbados, tempos que fazem com que, mesmo as pessoas mais otimistas, reconheçam o tamanho da dificuldade que se apresenta, em que se escancara aos olhos de qualquer um, a escassez de soluções que possam apontar para melhorias e, muito menos, que apontem para a restauração de nossa sociedade à um estado no qual a convivência social possa se dar em um âmbito no qual prevaleçam o bem estar e a segurança, provenientes da boa relação entre as pessoas que, querendo ou não, fazem parte do mesmo meio, formam, juntas, a estrutura da mesma comunidade.
Acredito que muitas pessoas já tiveram algum contato com a expressão: “O homem é um ser social por natureza”, ou variantes da mesma. Tal expressão aponta para a nossa necessidade de estabelecermos relações com as outras pessoas, de estarmos em contato com outros, de estarmos inseridos em um meio no qual possa nos propiciar o envolvimento com outros indivíduos semelhantes.
Desde o princípio de nossas vidas somos impulsionados a ter diferentes níveis de relações com as outras pessoas, somos colocados em uma situação de interdependência ante à outros indivíduos e, a partir dessas diferentes formas de relacionamento, são formados nossos laços afetivos e sociais, tendo importante papel na formação e preservação da estrutura social. Mas, o que vemos no homem moderno, e na sociedade constituída por ele, é totalmente o contrário disso…
Vivemos em uma época em que as estruturas sociais são rompidas, e corrompidas, pela nova forma de viver do homem moderno. Mesmo vivendo inseridas em uma sociedade, e expostas a todo instante ao contato social, as pessoas de nossa sociedade andam aprisionadas dentro de si mesmas, submersas dentro de si mesmas, vivendo total e completamente alheias aos acontecimentos sociais e as outras pessoas que compõem nossa sociedade.
Vivendo somente por si e para si, o homem moderno perdeu completamente o sentido de viver em sociedade, de viver e estar em uma “comunidade”. Com cada pessoa movida por suas vontades e ambições egoístas, ninguém mais busca aquilo que seria bom para a “comum-unidade” da sociedade. E essa falta de estarmos juntos, unidos em prol de propósitos que são bons para todos, e que se constituem como interesse dessas pessoas, essa falta de almejarmos ideais e valores úteis para todos os indivíduos que compõe a sociedade na qual estamos inseridos, tem sido um dos principais motivos da degradação de nossa sociedade atual, e essa triste realidade já se faz presente muito antes de sermos afetados pelo isolamento causado pelo pandemia. Sendo esse, o pior isolamento de todos: o isolamento social causado pelo egoísmo humano.
(*) Wanderson R. Monteiro é bacharel em Teologia pelo ICP.