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A IA Generativa, os piratas e os hackers

Foto: Cena de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick

(*) Fernando Benedito Jr.

Tinha acabado de ler um artigo pesquisado no Google sobre Inteligência Artificial Generativa. Cansei da leitura e resolvi ver um filme na Netflix e eis que a primeira sugestão que me aparece foi “O Jogo da Imitação”, sobre a história de Alan Turing, o pioneiro da inteligência artificial e do que hoje chamamos de computador. Turing desenvolveu a máquina Cristopher (ou simplesmente Máquina de Turing) para tentar decifrar os códigos alemães da máquina Enigma, cujas mensagens codificadas impunham uma severa derrota às tropas aliadas no campo de batalha. O sucesso de Turing na decodificação das mensagens da Enigma foi fundamental para encurtar a guerra e salvar milhões de vidas.

Acatei a sugestão do algoritmo e revi o filme.

Outro dia pesquisei sobre facas chef. A quantidade de facas chef que começou a aparecer em qualquer tela que eu acessasse foi avassaladora. Volta e meia sou lembrado das viagens e passeios que fiz pelo registro das fotos que tirei e que ficam armazenadas na nuvem.

De certa forma, as vidas e o comportamento humano já estão sendo regidos pela Inteligência Artificial. Cotidianamente, do acordar ao deitar, estamos on line ou nos colocam on line, seja ao olhar as horas no celular, ligar o computador, o notebook ou ser registrado pelas câmeras das ruas, da padaria, do aeroporto…

Nos anos 60, um dos grandes nomes da Teoria da Comunicação e da educação, o canandense Marshall Mcluhan, a partir de suas afirmações de que o meio é a mensagem e que vivemos numa aldeia global, já previa que o homem usaria no braço um aparelho que controlaria seus passos, seu batimento cardíaco, sua vida. No imediato pós-guerra, Turing também fazia tal previsão. Ambos foram criticados, combatidos e execrados por isso – e também por outras razões, como no caso de Turing, vítima de preconceito por ser gay.

Contemporâneo de Mcluhan, o cineasta Stanley Kubrick aborda o tema em 2001: Uma Odisseia no Espaço, quando o Hal decide assumir o comando da Discovery One e inverter a ordem das coisas. Passa a controlar os humanos e não mais ser controlado.

Hal é um dos exemplos de Inteligência Generativa, ou seja, que não precisa ser alimetando por uma base de dados. Ele mesmo cria os dados e vai aprendendo com eles até começar a sentir as emoções humanas.

Este é o risco que já estamos correndo, como se viu pela recente tentativa de hackeamento do Ministério da Gestão e Inovação. É inimaginável o estrago que pode ser causado por um bug no sistema de pix no País ou por falhas no sistema de controle dos serviços públicos, como a energia elétrica.

Então, desde já é preciso ter em mente a importância de fortes sistemas de proteção e contra invasores. Assim, como também é importante não demonizar os hackers, como se fez com os piratas. Em algum momento do futuro, podem ser eles os salvadores da humanidade.

(*) Fernando Benedito Jr. é  editor do DP.

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