Evento gratuito e aberto ao público propõe debate sobre preservação ambiental e protagonismo dos povos originários do Brasil
FABRICIANO – O Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) realiza no dia 18 de outubro, a partir das 19 horas, a 4ª edição do Seminário de Educação, realizado pelo curso de Pedagogia. A programação on-line terá transmissão ao vivo pelo Youtube e será aberta a toda comunidade. Com o tema “Ideias para adiar o fim do mundo: que humanidade queremos ser?”, o evento contará com a participação e palestra do poeta, filósofo e ambientalista indígena Ailton Krenak. O tema do Seminário faz referência à obra do autor convidado, lançada em 2019, a qual aborda a relação dos povos indígenas com a terra, a casa comum, e o futuro da humanidade.
OUTRA PERSPECTIVA
De acordo com a coordenadora do curso de Pedagogia do Unileste, Maria Aparecida de Souza Silva, a temática se faz necessária para apresentar e dar visibilidade a perspectiva dos povos originários sobre a apropriação e uso dos recursos naturais, além de promover a conscientização sobre a necessidade de cuidar do meio ambiente. “Precisamos aprender com a população indígena a habitar a Terra de uma outra maneira, para construirmos uma humanidade mais empática e cuidadosa com a natureza”, afirma a coordenadora.
PLURALIDADE
Ainda segundo Maria Aparecida, as instituições educativas têm papel fundamental na promoção de uma visão de mundo que reconheça a pluralidade de culturas existentes em nosso país e que estimulem o senso de urgência sobre as mudanças climáticas causadas pela ocupação da natureza de forma irresponsável. “O Brasil é diverso, e é preciso saber respeitar essas diferenças para construirmos um bom lar para todos. O Unileste reconhece essa responsabilidade e, por isso, organizamos esse momento de troca entre a nossa comunidade acadêmica, a população em geral e o mestre Ailton Krenak, que desde os anos 1980 luta pelos direitos indígenas e direitos da Terra”, conclui.
Ideias para adiar o fim do mundo
Segundo relatório desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no ano de 2019, a ação do homem na natureza tem provocado poluição, mudanças climáticas e a perda da biodiversidade em um nível inaceitável, que colocará em risco a qualidade de vida da geração de hoje e de amanhã, além de levar outras espécies à extinção.
Na contramão do resto do planeta, o documento destaca que nas terras ocupadas pelos indígenas, os impactos negativos no meio ambiente são significativamente menores. Contudo, nesses locais, a urbanização, a ampliação da agricultura e da mineração representam uma ameaça às comunidades formadas pelos povos originários.
No livro Ideias para adiar o fim do mundo, Ailton Krenak – um dos maiores líderes indígenas do Brasil e ativista do movimento socioambiental – destaca a importância da relação de respeito entre os indígenas e a terra que habitam, e como o desenvolvimento sustentável, se adotado, preservaria a saúde ambiental, o bem-estar dos organismos e a conexão entre o homem e a Terra.
Essa e outras obras do autor, como os livros A vida não é útil e Caminhos para a cultura do bem-viver, foram estudadas durante o semestre pelo curso de Pedagogia. A partir do estudo, os estudantes refletiram sobre a importância da diversidade sociocultural para a construção dos saberes profissionais e experienciais na formação pedagógica. O objetivo foi analisar os conceitos e as concepções da cultura indígena, mais especificamente da etnia Krenak, bem como seus modos de olhar para humanidade em seus feitos contrários à vida na terra.
AILTON KRENAK
Poeta, escritor e ambientalista, Ailton Alves Lacerda Krenak luta desde os anos 1980 pelos direitos indígenas. Em 1987 ganhou projeção ao discursar na Assembleia Nacional Constituinte durante a elaboração da Constituição de 1988, onde defendeu os artigos relacionados aos direitos indígenas e protestou, com o rosto pintado com a tinta preta do jenipapo, contra os retrocessos e ataques aos territórios e tradições indígenas. Em 2016, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Ailton faz parte da etnia indígena Krenak, que possui comunidade em Minas Gerais, no Vale do Rio Doce – região geográfica onde está localizada a Região Metropolitana do Vale do Aço – e em outros estados brasileiros, como São Paulo e Mato Grosso. Os Krenak são conhecidos pelos botoques auriculares e labiais que os membros das comunidades usavam. Hoje, a utilização dos acessórios culturais é menos presente entre as gerações mais jovens.
SERVIÇO
4º Seminário de Educação do Unileste
Tema: Ideias para adiar o fim do mundo: que humanidade queremos ser?
Data: 18 de outubro (segunda-feira)
Horário: 19 horas
Local: Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=E3N09IfeiHs)