Opinião

Zema e o lobo

(*) Fernando Benedito Jr.

O governador Romeu Zema (Novo) pode se eleger e reeleger governador do Estado, mas nunca vai deixar de ser um bocó. Razão pela qual deve ter um grão-vizir que orienta suas estratégias, ainda que pareça que não as utilize em 99% do tempo. Nos últimos dias, entretanto, resolveu dar algumas estocadas na tentativa de preencher o vácuo deixado pela ausência de lideranças da extrema direita. Sem o titular das “quatro linhas” no jogo, resolveu substituí-lo, mesmo sem ser convidado, vestiu suas roupas e foi.

Ficou nu logo de saída.

“Me espanta que o governador Zema tente vestir a roupa do Bolsonaro. Não cabe nele. Minas Gerais é a terra de Tiradentes, de Tancredo Neves, é a terra da democracia. Então, não é possível que um governador de modo vil se alinhe à extrema direita para proteger terrorista”, reagiu o ministro da Justiça, Flávio Dino.

A reação do ministro foi a propósito do aceno de Zema (sujeito dado a estas coisas da meritocracia, agora transitando pela autocracia, porque o caminho é o mesmo), aos bolsonaristas radicais que atacaram e depredaram as sedes dos poderes do Estado em Brasília.

Segundo o governador mineiro, o governo federal teria feito “vista grossa” para os atos de terrorismo na capital federal a fim de se “posar de vítima”. Como as sedes do Supremo Tribunal Federal e o Congresso também foram atacados, logo, é de se “supor”, que todos fizeram vista grossa.

Um dia antes da declaração, Zema tinha ido a Brasília para encontro com o presidente Lula e não falou nada. Podia ter perguntado se, por acaso, não houve negligência, subestimação, incompetência, se não eram petistas infiltrados. Podia até dizer que em Minas isso não ocorre. Mas foi covarde.

“Trata-se de uma afirmação torpe, reprovável, caluniosa, incompatível com a dignidade e estatura de quem governa um dos mais importantes Estados da Federação, na medida em que tenta responsabilizar as próprias vítimas do ataque”, afirmam parlamentares do petistas.

Zema é isso. E pelo jeito, tem grandes pretensões, pelo menos até seu ex-chefe reentrar na órbita política, se reentrar. Zema aposta mais na inelegibilidade, por isso, como um lobo-guará (coitado do lobo) faminto, se antecipa sobre os despojos. Mas esse lobo não vai longe, não.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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