Aline Alves
IPATINGA – A FIEMG Regional Vale do Aço promoveu na noite de quarta-feira (10) o encontro entre o presidente da Usiminas, Rômel Erwin de Souza, e o grupo gestor da Agenda de Convergência, formado por lideranças de diversos segmentos da sociedade regional, para dialogarem sobre a crise econômica do País e o cenário da siderurgia no Vale do Aço.
Na presença de entidades, como associações comerciais e da comunidade, OAB, polícias militar e civil, Sebrae, sindicatos da indústria, conselhos de classe, o presidente da Usiminas apresentou o cenário da siderurgia mundial, com excesso de oferta na casa de 600 milhões de toneladas, e o enfraquecimento do mercado interno, sobretudo em setores consumidores de aço, como as montadoras, fabricantes de equipamentos e, claro, infraestrutura.
SETOR AUTOMOTIVO
A produção de veículos caiu 17,5% nos primeiros quatro meses deste ano, conforme a Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea), e as vendas de aços planos – mercado no qual a Usiminas é líder nacional – reduziu 16,2%, de acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço.
Com os consumidores longe das concessionárias, das lojas de eletrodomésticos e com uma crise de confiança dos investidores, as vendas de aço estão cada vez menores e o impacto é direto na Usiminas.
Para buscar alternativas que garantam a sustentabilidade da empresa e sua competitividade, Rômel explicou às lideranças os números de produção e financeiros da companhia, as razões do fechamento temporário de altos-fornos nas unidades de Ipatinga e Cubatão e a proposta de redução de jornada de trabalho e salário para os empregados administrativos, incluindo a si próprio. “O cenário é complexo. Nosso esforço é preservar a empresa e preservar, ao máximo, a equipe, ajustando a produção à demanda do mercado”.
BOM SENSO
De acordo com Luciano Araújo, presidente da FIEMG, a crise econômica dos mercados industriais é uma realidade e os impactos para a siderurgia são grandes. “Precisamos ter bom senso e visão de longo prazo para encontrar e analisar as alternativas que menor impactem o emprego e a produção. Isso exige a união e, sobretudo, a compreensão de todos os setores da sociedade. Nenhuma indústria gosta de demitir e tudo o que for feito para minimizar isso deve ser considerado”, afirmou.
Questionado várias vezes sobre as perspectivas, o dirigente da Usiminas mostrou-se preocupado. Afinal, as fábricas de automóveis estão com mais de 50 dias de estoque e anunciando férias coletivas para diminuírem o volume de carros nos pátios. Há ainda as medidas fiscais em estudo, que vão retirar incentivos às empresas, e estão na contramão da necessidade do setor industrial.
Uma luz no fim do túnel, por sua vez, foi o pacote de concessões para investimentos em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, anunciado esta semana pelo governo federal. “É uma esperança para a indústria. Temos que sair dessa fase e as pessoas precisam voltar a ter confiança para comprar e fazer a economia movimentar.”
Agenda de Convergência
Criada em 2011 pela FIEMG Regional Vale do Aço, a Agenda de Convergência para o Desenvolvimento do Vale do Aço surgiu da necessidade de traçar uma estratégia em uma agenda comum, técnica e suprapartidária para acelerar o desenvolvimento econômico e social da região. A agenda é formada por um núcleo gestor e grupos técnicos de trabalho. Os fóruns acontecem trimestralmente, na sede da FIEMG em Ipatinga, com apoio do SEBRAE.
“O objetivo do encontro é discutir o reflexo da crise que atinge o setor siderúrgico e unir forças para tornar a região competitiva. “Nossa proposta de trabalho dentro da Agenda de Convergência criada pela FIEMG juntamente com o grupo gestor, formado por lideranças regionais, baseia-se num projeto de desenvolvimento com foco em seis eixos (infraestrutura, segurança, saúde, educação, competitividade e sustentabilidade)”, pontuou Luciano.