(*) Fernando Benedito Jr.
Em sua tentativa de alcançar projeção nacional para uma eventual candidatura à presidência da República, o governador mineiro Romeu Zema (Novo), foi buscar inspiração para os problemas da segurança pública em El Salvador. O governo fascista de Nayib Bukele, criou no pequeno país centro-americano uma nova Guantánamo, que tem sido usada por Donald Trump para prender imigrantes ilegais – um dos casos mais notórios é de um migrante legal que foi preso assim mesmo e continua detido nas prisões salvadorenhas, mesmo com ordens judiciais em contrário dos tribunais norte-americanos.
Zema, com sua lógica perversa do Estado mínimo, miniaturiza a própria inteligência. Vende escolas, privatiza o patrimônio público, as empresas, as prisões e quer entregar ao governo federal até a sede do governo mineiro para pagar a dívida com a União. É um governo que, parece, não querer ser governo porque não vai ter nada para administrar à medida em que transfere saúde, educação, aeroportos, estradas, tudo, à iniciativa privada. Só não vende o que a justiça não deixa vender ou o que é embargado por algum motivo alheio à sua vontade.
O ministro do STF Gilmar Mendes, num recado a outro neo-fascista das Minas Gerais, o deputado Nikolas Ferreira (PL), criticou quem defende que o Brasil adote um modelo de segurança pública semelhante ao de Nayib Bukele, presidente de El Salvador, alvo de denúncias de violação dos direitos humanos.
Nikolas, como Zema, quer “bukelizar” o Brasil.
Gilmar condenou a inspiração em Bukele e disse que o respeito aos direitos humanos no combate à criminalidade é essencial.
O governo de Bukele, sob argumento de combater o crime organizado, comete atrocidades. Desde 2022, um regime de exceção permite prisões sem ordem judicial e levou à detenção de cerca de 82 mil supostos membros de gangues. Grupos de defesa dos direitos humanos denunciaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) 530 casos de tortura, homicídios e desaparecimentos.
Enquanto isso, tramita na Câmara dos Deputados, a PEC da Segurança Pública que pode ser uma solução para os problemas nacionais na área de segurança, com a unificação das forças federais, estaduais e municipais. Ao invés de estarem aqui discutindo a PEC, Zema e Nikolas preferem buscar referências em El Salvador, onde o exemplo, definitivamente, não é o melhor
a ser copiado.
(*) Fernando Benedito é editor do DP.