Aproveito o título – de um jornal – “Stalking cresce 60% em Minas …”, para fazer algumas considerações
(*) Júlio César Cardoso
É lamentável que o uso frequente de palavras estrangeiras venha desprezar o nosso rico vocabulário, com a complacência da imprensa nacional. Não podemos posicionar-nos como simples “papagaios imitadores”. Temos de abandonar esse eterno sentimento de complexo de vira-lata.
Imprensa, ou povo, que não preza a sua língua, os seus costumes, as suas tradições e acha que o estrangeirismo na língua portuguesa, principalmente o inglês, é chique, só contribui para a pecha de “complexo de vira-lata”. Por que depreciar a própria cultura?
Os jornais brasileiros deveriam concorrer para o fortalecimento de nossa identidade cultural. O uso excessivo de palavras em inglês está se tornando um hábito desnecessário, quando a língua portuguesa possui um extenso vocabulário.
Por que, por exemplo, stalking (perseguição insistente), startup (empresa que traz inovação para o mercado) call (ligação, chamada), deadline (prazo), budget (orçamento), case (projeto), briefing (roteiro), mindset (mentalidade), job (trabalho), delivery (entrega), establishment (grupo de poderosos), 70% off (70 de desconto), sale (venda), home office” (escritório em casa), coach (treinador), etc.?
Ninguém é obrigado a dominar língua estrangeira, embora ela seja importante na educação de jovens e adultos. Ademais, tem de se pensar no leitor em geral ao publicar uma matéria. Um texto ou propaganda com uso de palavras estrangeiras pode não alcançar o efeito desejado e prejudicar a comunicação.
Não desconhecemos que existe profusão de palavras estrangeiras aportuguesadas. Mas hoje a falta de bom senso tem levado pessoas e empresas a abusarem de expressões estrangeiras, sem necessidade.
(*) Júlio César Cardoso é servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC