(*) Wanderson Monteiro
Acredito que muitos conhecem a história do “Mito da Caverna”, de Platão. Uma ilustração alegórica feita por Sócrates e narrada por Platão em seu livro “A República”. Expondo muito resumidamente: no mito narrado por Platão, Sócrates apresenta a história de alguns homens presos em uma caverna desde a infância. Os homens têm suas pernas e pescoços presos para que eles não possam se mexer, de maneira que eles só podem ver as coisas e objetos que estão na frente deles, sem poderem virar o rosto. Atrás deles, a certa distância e altura, estava uma fogueira que os iluminava, projetando sombras na parede diante deles, de maneira que eles não faziam distinção entre objetos, homens e animais, que se projetavam em tais sombras.
As vozes daqueles que passavam pelo caminho conversando ecoavam no fundo da caverna, fazendo com que eles pensassem que as vozes vinham das sombras estranhas que eles viam. Nesse curioso quadro, nada era real ou verdadeiro, a não ser, as sombras que eles viram a vida toda. Aquela era a sua única realidade, sua única verdade, e a caverna, o único mundo que eles conheciam, e tudo o que era dito e apresentado que escapasse dessa realidade era tomado como inexistente, sendo considerado louco aquele que saísse da caverna e lhes apresentassem as coisas existentes no mundo real, fora da caverna.
Como no mito platônico, ainda existe em nosso mundo atual, pessoas que preferem crer nas sombras e imagens enganosas que são colocadas diante de seus olhos e, conscientes desse fato, muitos utilizam disso para manipular as “sombras” que são colocadas na frente de todas as pessoas que ainda se encontram na ignorância de suas cavernas, enganando-as “verdades” manipuladas, enganosas. Atualmente, não é raro percebermos que a grande mídia tem usado de seus meios e artifícios para manipular as massas que, em sua grande maioria, ainda se encontram nos recôncavos mais escuros de suas cavernas, envoltos na ignorância proveniente de sua realidade condicionada.
Também, não diferente da história que Platão nos legou, aqueles que foram libertos e saíram da caverna, que começaram a compreender a realidade e a verdade, continuam sendo taxados de loucos pelos que ainda estão na caverna e não puderam contemplar as mesmas coisas do memso modo que aqueles que saíram. Mesmo sem compreenderem a realidade do mundo por trás das sombras na caverna, se julgam donos da verdade, sem poderem enxergar toda escuridão que está em volta de si.
A única diferença do Mito da Caverna para os nossos dias é que nós não estamos fisicamente amarrados, sendo forçados a continuar em uma única posição. Mas, mesmo tendo mais liberdade para alcançar a verdade sobre o mundo, a maior parte de nossa sociedade prefere continuar na comodidade de suas cavernas, fazendo da realidade da caverna a sua única e absoluta verdade, a sua única visão e interpretação do mundo.
(*) Wanderson R. Monteiro é bacharel em Teologia pelo Instituto Cristão de Pesquisas, vencedor de três Prêmios “Marilene Godinho” de Literatura, nas categorias conto e crônica, co-autor de 4 livros e uma revista. Colabora e possui artigos publicados em jornais de todo o país
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São Sebastião do Anta – MG