(*) Fernando Benedito Jr.
“Fica a lição de que um povo que elege mal seus governantes é tão vítima quanto cúmplice de sua própria desgraça”. A sentença proferida pelo ex-ministro Ayres Britto em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo” – afirmando que Bolsonaro incorre em crime de responsabilidade –, sobre a situação brasileira é plena. Reflete com absoluta fidelidade a realidade nacional, embora um setor da sociedade ainda insista em manter seu apoio ao governo genocida de Jair Bolsonaro – um fenômeno que os sociólogos e cientistas políticos ainda estão longe de desvendar. De qualquer forma, há um outro setor da sociedade, mais consciente, crítico e indignado que, tão logo possa, vai se manifestar e ganhar as ruas contra o descalabro fascista e a escalada autoritária que ele representa. Talvez seja o que falta para que o Congresso faça andar os pedidos de impeachment contra o genocida no poder.
Além de fazer arminhas, proferir impropérios, fazer o País passar vergonha no cenário internacional, o eventual ocupante do Palácio do Planalto, não conseguir bater um prego numa obra pelo país, não conseguiu abrir uma vereda. Algum pequeno avanço aqui e acolá, ou foi mérito do Congresso ou do STF que ele tanto quer fechar, ou não ocorreram. Auxilio emergencial, Lei Aldir Blanc, adoção de medidas para evitar a proliferação do vírus ou mesmo a vacina, só existiram por obra e graça de outrém. O presidente no poder conseguiu aumentar o combustível, o dólar, fechar fábricas, xingar, fazer arminha e defender a cloroquina tão inútil quanto ele mesmo. Ah, e inaugurar alguns trechos de obras iniciadas por outros governos. E mentir, mentir…
No mais, é uma demonstração de incompetência uma atrás da outra, numa sucessão de manifestações de ódio e de ridículo nacional e internacional de fazer corar as putas do cais e tremer as muralhas de Jericó. É muita burrice e estupidez reunida num só governo.
Um governo de baixo clero, que comete corrupção pé de chinelo, tipo rachadinha e envolvimento com milícia. Se corrompe por miudezas e coloca o aparato do Estado em sua defesa pessoal e familiar para blindá-la contra investigações. São coisas que cedo ou tarde virão à tona.
O povo brasileiro está vivendo sua desgraça, como vítima e como cúmplice, mas é certo que Bolsonaro não sairá impune do genocídio e da destruição que promove no Brasil. Se não for julgado por crimes contra a humanidade, o será por outros motivos. Muitos não o perdoarão. Nem a história.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do “Diário Popular”.