Nacionais

Um governo incendiário

Foto: Museu Nacional arde em chamas no Rio de Janeiro e presidente disse que não podia fazer nada

(*) Fernando Benedito Jr.

Os apoiadores do governo Bolsonaro já tem pronto o discurso de defesa a respeito de qualquer crítica que se faça ao chefe da milícia digital – e quiçá, real. Resume-se, como sempre, a uma frase ou a um meme: “Agora, tudo é culpa do Bolsonaro!”

Até outro dia, quando se falava algo contra o governo a resposta era: “Lula tá preso babaca”. A menos que os bolsonaristas queiram que se coloque a culpa dos problemas políticos e administrativos em Lula, mas Lula tá preso, babaca.

Paciente é retirado do Hospital, no Rio, onde 20 morreram após incêndio

As tragédias que ocorrem no País, podem até não ser culpa do presidente, mas sempre contam com o apoio dele, com uma declaração polêmica que demonstra negligência com o caso, revelam o descaso, a desfaçatez, junto com uma overdose de ignorância. Normal. O público que o apóia gosta disso, gosta da grosseria, da deselegância, do desrespeito, dos palavrões, do politicamente incorreto. O público bolsonarista reflete o bolsonarismo: quer armas, fim da previdência, das escolas, é machista, ama Trump e os EUA, não suporta o feminismo nem o mundo LGBT, adora uma fake news, é anti-comunista, anti-democrata, odeia pobre e ama rico, enfim, defende tudo que dizem o Jair, o Eduardo, o Carlos e outro lá, o Flávio, em suas redes e lives. Todos apregoadores do fim da mamata, mas agarrados nas tetas. Todos moralistas e “guerreiros” anti-corrupção, mas cheios de “garranchos” (com o laranjal, com milícias, com o Queiroz e as movimentações atípicas, com o caso Marielle) até o gargalo e escondidos sob o manto da imunidade parlamentar. Era isso que os apoiadores da “nova política” tinham que ver e não vêem.

Um homem trabalha em um trecho de queimada da floresta amazônica, que estava sendo desmatada por madeireiros e agricultores em Iranduba

O Museu Nacional pegou fogo e a resposta do presidente foi a ironia: “Já está feito, já pegou fogo, quer que faça o quê? O meu nome é Messias mas eu não tenho como fazer milagre”. E tá lá o Museu Nacional, no chão, em escombros até hoje.

Manchas de petróleo tomaram conta do litoral do Nordeste e depois de 60 dias vendo a poluição, sem fazer nada, a não ser culpar a Venezuela, o presidente resolve dar uma declaração mais séria: “O pior ainda está por vir”. Fala quase celebrando.

Madeireiros e fazendeiros tacaram fogo na Amazônia no Dia do Fogo e o presidente disse que era normal. Que a Amazônia pega fogo mesmo, que era coisa das ONGs, do Greenpeace, dos índios. E ficou por isso mesmo.

Pacientes do Hospital Balbino no Rio são transferidos para a calçada após incêndio nesta segunda

Um incêndio matou 20 pacientes no Hospital Badim no Rio de Janeiro e presidente não disse nada, porque não tem nada a ver com isso e incêndio em hospital é coisa normal em país onde a saúde pública é tratada com tanto descaso como no Brasil bolsonarista. Tanto é que agora pegou fogo de novo. Desta feita no Hospital Balbino, em Olaria, e os pacientes foram transferidos para a calçada.

Bom, o presidente ainda não falou nada porque não tem nada com isso, nem com o SUS, nem com o Brasil, nem com os brasileiros. Mas é melhor mesmo que não fale.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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