Nacionais

Tudo é a reforma da Previdência

(*) Fernando Benedito Jr.

Os pontos nevrálgicos da realidade brasileira para os quais qualquer cidadão quer uma resposta concreta e imediata são: saúde, emprego, segurança pública e educação, não necessariamente nesta ordem. Outros tantos problemas são derivados destes quatro e outros como saneamento, infraestrutura, desenvolvimento, são “outros quinhentos”. O governo Bolsonaro, contudo, além de se agarrar à reforma da Previdência como principal tábua de salvação, além da liberação de armas e ao problema da Venezuela, não tem feito absolutamente nada para atacar de forma rápida e eficaz os problemas que afligem os brasileiros. Ao contrário, promove cortes na saúde, na educação, na ciência, promove a burrice, o ódio e a estupidez, além de criar polêmicas idiotas a cada live e postagem no twitter. E ainda consegue um monte de seguidores para aplaudi-lo, enquanto ele arranca pele e escalpo do povo brasileiro.

Não se viu nem ouviu qualquer menção, mensagem, intenção, sinal do governo no sentido de criar qualquer medida ou benefício para reduzir o desemprego, a pobreza, a violência, a falta de moradia, e por aí vai. Todos os sinais e atitudes são para esquartejar o pobre e beneficiar os ricos: fim dos Mais Médicos, do Minha Casa, Minha Vida, cortes no Bolsa Família. Ocorre que rico não compra. Se compra, compra em Miami, NY, Paris, Londres, Roma, mas não faz a roda da economia girar, no sentido clássico, com a velocidade e profundidade que é necessária para tirar o País do marasmo, desta calmaria econômica que chega a incomodar.

É preciso ter emprego para que as pessoas tenham renda e possam comprar, fomentar a produção das fábricas, que vão gerar emprego, expandir suas capacidades e ir além. Mas não, é preciso fazer a reforma da Previdência. A reforma da Previdência é apontada pelo governo como a solução para todos os males, a panacéia. Só haverá emprego se houver reforma da Previdência, o “descontingenciamento” (leia-se cortes) nas universidades, escolas fundamentais e ciência só vai acabar após a reforma da Previdência, a reforma fiscal e o novo pacto federativo só vão ocorrer após a reforma da Previdência. Até o “pacote anticrime” do Moro só vai entrar em pauta após a reforma da Previdência.

Há bem pouco tempo a reforma trabalhista de Temer também era apontada como a panacéia. Nada ocorreu. O desemprego aumentou ao invés de reduzir, conforme haviam prometido. O trabalhador ficou desamparado, precarizado, sem direitos; e o patrão ficou do mesmo tamanho, seu negócio não cresceu, não abriu filiais. A padaria ficou do mesmo jeito. Algumas até fecharam as portas e a culpa não foi só do preço do trigo, não.

Pois bem. Supondo que a reforma da Previdência não dê jeito ou não saia exatamente ao gosto do governo, o que nos espera? Normalmente, a solução mais simples e fácil são mais impostos.

Por isso, não dá para condicionar tudo a uma medida só, como se estivesse aí solução para todos os problemas. O governo está colocando todos os ovos na mesma cesta. Se o Congresso resolver pisar na cesta ou mesmo que poupe os ovos, mas eles gorem, estará tudo irremediavelmente arruinado? É esta incapacidade do governo Bolsonaro de articular medidas, de adotar políticas efetivas para a solução dos problemas, que já sabiam existir muito antes de se elegerem, que irrita.

Mas o que irrita mais é o comentário do bolsonarista que vem embaixo. E ainda pede mais tempo, porque diz que é pouco, como se fosse uma questão de tempo. É de inteligência, de bom senso, de sensibilidade, coisas que parece não existir neste governo.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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