(*) Fernando Benedito Jr.
Com o objetivo de acuar o ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de censura, Donald Trump, saiu em defesa de Jair Bolsonaro. Na verdade, Trump não está interessado em Bolsonaro (apenas o usou num momento oportuno), mas em eventuais prejuízos que as companhias Trump Media & Technology Group e a plataforma de vídeos Rumble possam ter no Brasil com as investigações relatadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal no inquérito das fake news.
São empresas que operam no País sem ter um escritório, um representante, alguém que possa responder por eventuais danos e prejuízos aos usuários, por processos judiciais. Estas companhias invadem territórios alheios, ganham rios de dinheiro monetizando tudo quanto é bobagem, difundindo mentiras, patrocinando golpes de estado, guerras e conflitos, jogos e outros conteúdos perniciosos à sociedade, sem qualquer controle.
A intimação da Justiça da Flórida, a pedido de Trump, não é coisa séria. É uma estultice sem tamanho, que o STF nem considera. Mas, com suas parvoíces, o presidente dos EUA viola a soberania e a autodeterminação brasileiras de forma insolente, arrogante e injustificada. Merece uma resposta mais contundente e à altura, afinal, a Justiça da Flórida não intima Moraes, intima o STF.
Isso, os “patriotas” não vêem.
A interferência de Trump em assuntos brasileiros é algo assim como o apoio a Netanyahu para cometer o genocídio em Gaza na tentativa de eliminar o povo palestino da face da terra, ou como o bombardeio ao Irã, a mudança do nome do Golfo do México, os discursos tortos de anexação do Canadá e da Finlândia, a taxação do mundo, a perseguição aos migrantes nos EUA, e outras tantas insanidades feitas ou proferidas nestes seis meses de governo.
Sob aplauso da extrema direita brasileira, Trump tem se movido pelo conflito. Comumente, quando há reações a casos assim, não são chuvas de pétalas.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP
