(*) Fernando Benedito Jr.
Donald Trump marcou um encontro-espetáculo com Vladmir Putin numa base aérea do Alasca para discutir o armistício entre Rússia e Ucrânia e saiu de lá falando que a questão estava praticamente resolvida. Disposto a ganhar o Nobel da Paz depois de bombardear o Irã, apoiar o genocídio em Gaza e enviar tropas contra seu próprio povo em cidades norte-americanas, taxar meio mundo numa guerra comercial sem pé nem cabeça, Trump segue firme em seu propósito de transformar o mundo num lugar de paz.
A “pax coemeterium” (“paz dos cemitérios”).
O resultado da conversação com Putin foi mais uma rodada de bombardeios russos a Kiev, desta feita com mais poder destrutivo.
Sua última conversação de paz foi igualmente “promissora”. Sentou com o carniceiro de Tel Aviv, Benjamin Netanyahu, e elaborou um plano de paz para Gaza que exclui os palestinos e estabelece um pequeno protetorado (com tendência a virar resort de milionários) no enclave, sob sua regência. Deu o ultimato ao Hamas e esperou a resposta, que foi, em parte, positiva. O Hamas se dispõe a fazer a troca de reféns, mas reivindica participar das negociações, o que é justo, já que torna-se difícil estabelecer a paz entre duas forças beligerantes sem a participação de ambas.
Israel respondeu às conversações com Trump e aos sinais de diálogo do Hamas com mais bombas sobre Gaza.
Estas conversas de Trump (inclui-se aí a “química” com Lula), em tudo e por tudo, se parecem muito com um tipo qualquer de demência, misturada com prepotência, um outro tanto de arrogância dos bilionários em seu mundo paralelo e outras patologias megalomaníacas, que, ao fim, se resumem numa loucura só. Uma loucura que o mundo assiste e muitas vezes aplaude.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do “Diário Popular”