Cidades

Tragédia de Mariana atinge vales do Aço e Rio Doce

Corpo de Bombeiros Minas Gerais/Divulgação

(DA REDAÇÃO) – Além das mortes e dos danos materiais, o rompimento das barragens de rejeitos da mineradora Samarco nos municípios de Mariana e Ouro Preto está causando um grave dano ambiental que atinge diversas regiões de Minas, inclusive o Vale do Aço e do Rio Doce.

O Serviço Geológico do Brasil emitiu nota ontem sobre a gravidade dos danos ambientais provocados pela ruptura das barragens de Fundão e Santarém na bacia do rio Gualaxo do Norte que é afluente do rio do Carmo, o qual é afluente do rio Doce pela sua margem esquerda, em Ponte Nova, e o Parque Estadual do Rio Doce. Conforme a nota, a onda de cheia está se deslocando ao longo da calha do rio Doce, sendo que o pico da onda passou pela Usina Risoleta Neves (Candonga) por volta das 10 horas de ontem. A previsão é que o pico atinja o Perd de ontem (6) para hoje (7). Ainda hoje (7) a onda também atinge a estação de Belo Oriente no período da tarde; Governador Valadares na madrugada de domingo (8), seguindo para Colatina (dia 9) e estação de Linhares também na mesma noite.

ÁGUA
Em outra nota divulgada ontem, a Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos (CTGEC) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) faz um alerta aos usuários das águas do rio doce, localizados a jusante do município de Rio Doce-MG, sobre a onda de cheia e a natureza das prováveis alterações qualitativas para a água nos próximos dias.

A Câmara Técnica informa ainda que a natureza do resíduo (sílica e resíduos de ferro) em questão implica em prováveis alterações temporárias nas características da água bruta, especialmente com relação a parâmetros de turbidez, cor, entre outros. “De acordo com informações preliminares repassadas pela Samarco, o rejeito é composto, em sua maior parte, por sílica (areia) proveniente do beneficiamento do minério de ferro. Estamos acompanhando e aguardando o resultado das análises de água e sedimento que estão sendo realizadas na região afetada pelo Senai/Cetec, acionado através do IGAM”, diz o comunicado.

“Cabe aos operadores e aos responsáveis pela vigilância da qualidade dos recursos hídricos o monitoramento da água a ser captada, tratada e distribuída”, avisa a nota, recomendando aos
operadores de Sistemas de Abastecimento de água que incrementem a produção e reservação de água tratada até a chegada da onda de cheia e que somente retomem a captação a partir da melhoria das características físico-químicas da água, considerando suas possibilidades de potabilização.

SEM RISCO DE ENCHENTE
A Câmara Técnica adianta ainda que não existe risco de enchente em função da onda de lama de rejeitos. “Espera-se a amortização da onda de cheia por meio da operação das UHEs Baguari e Aimorés. Espera-se que as referidas barragens contribuam para a redução das vazões como também para a retenção e diluição parcial dos resíduos. Reiteramos que não há razões para alarme sobre inundações nos municípios do médio e baixo rio Doce. A situação está sendo monitorada e serão emitidos comunicados pelos órgãos oficiais caso haja necessidade”, conclui o documento.

ROMPIMENTO

Localizadas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, as barragens de Fundão e Santarém se romperam na tarde dessa quinta-feira (6), inundando a região com lama, rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração. O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais informou que pelo menos 13 pessoas continuam desaparecidas. Uma pessoa morreu.

62 milhões de m³ de rejeitos foram liberados
Diretores da empresa responsável pelas barragens, a mineradora Samarco, disseram ontem (6), em entrevista à imprensa, que cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram liberados no meio ambiente, o suficiente para encher 24.800 piscinas olímpicas. Descargas descontroladas de substâncias, como ocorreu ontem, comprometem a qualidade do meio ambiente. O vazamento acarretou soterramento de vegetação, áreas de mananciais e carreamento de sedimentos e assoreamento de corpos hídricos, além dos prejuízos às populações afetadas.

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