Policia

Testemunha-chave não reconhece policiais civis acusados de chacina

Leonardo Alves, José Cassiano, Jimmy Casseano e Ronaldo de Oliveira  foram indiciados após serem reconhecidos por meio de fotos    (Crédito: Arquivo DP / Divulgação PC)


IPATINGA –
A testemunha que ligou quatro policiais civis ao caso da Chacina de Revés do Belém negou ontem (17) que, de fato, os conhecesse. Nesta quarta-feira, ela esteve no Fórum de Ipatinga juntamente com os agentes para o primeiro reconhecimento presencial dos suspeitos e afirmou que não eram os mesmos que havia reconhecido por meio de fotos há um ano.

O caso em questão é o crime que vitimou em outubro de 2011 os menores Nilson Nascimento Campos, de 17 anos; Felipe Andrade, de 15; Eduardo Dias Gomes, 16; e John Enison da Silva, de 15 anos. Os adolescentes haviam sido apreendidos por atos infracionais e levados para a sede da 1ª Delegacia Regional de Ipatinga no dia 24. Contudo, nunca mais foram vistos com vida e seus corpos foram localizados uma semana depois no distrito de Revés do Belém, em Bom Jesus do Galho, nus e com perfurações na cabeça.

RECONHECIMENTO
O crime foi amplamente divulgado na época, mas as primeiras investigações não apontaram os responsáveis. No ano passado, contudo, uma força tarefa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) reabriu o inquérito.

Durante as novas investigações, uma menor de 17 anos que foi apreendida juntamente com os menores mortos, afirmou ter visto os quatro agentes na Delegacia de Ipatinga no momento dos fatos e reconheceu, por meio de fotografias, os policiais Ronaldo de Oliveira Andrade, José Cassiano Ferreira Guarda, Leonardo Alves Correa e Jimmy Casseano Andrade.

O depoimento da jovem foi o principal indício utilizado pela força-tarefa para indiciar e pedir a prisão preventiva dos suspeitos. Os quatro detetives se encontram detidos desde junho do ano passado na Casa de Custódia da Polícia Civil, em Belo Horizonte.

ENGANO
Nesta quarta-feira, eles estiveram no Fórum de Ipatinga para o reconhecimento presencial. Os agentes chegaram escoltados por um veículo da instituição. Entretanto, a menor não reconheceu os policiais como sendo os que estavam na delegacia no dia do crime. Segundo a defesa dos réus, as fotos antes apresentadas durante as investigações eram antigas e deram margem ao engano.

De acordo com o advogado Silvestre Antônio Ferreira, que defende Ronaldo de Oliveira, a jovem foi incisiva em sua declaração. “Ela afirmou categoricamente hoje (ontem) que não reconhece nenhum dos denunciados com sendo as pessoas que estavam na delegacia e que agrediram e mataram os menores”, explicou.

ACUSAÇÃO FRÁGIL

Para Silvestre, a mudança no depoimento da testemunha deixa a acusação fragilizada. O advogado comparou o caso de Revés ao assassinato de Marcos Vinícius Lopes Pereira e Glauco Antônio Lourenço Faria, ocorrido em 2010, no distrito de Ipabinha, em Santana do Paraíso. O crime também foi investigado pelo DHPP, mas a inconsistência das provas levou o Ministério Público a pedir que os acusados não fossem levados a julgamento. O processo foi arquivado e os dois policiais civis presos como principais suspeitos foram soltos.

O processo da chacina de Revés do Belém ainda está em sua fase de instrução, quando são realizadas oitivas e produzidas novas provas. Cerca de 15 testemunhas de defesa precisam ser ouvidas para o encerramento desta etapa. Depois, a Justiça de Caratinga, onde o caso vem tramitando, irá determinar se os quatro policiais serão pronunciados, ou seja, se há indícios suficientes para que eles sejam julgados pelo crime.

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