Violência contra escolas triplica em 10 anos motivada por fake news e discursos desconectados da realidade, alerta Sindicato
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) em nota pública fez um alerta sobre a violência contra escolas, que triplicou nos últimos 10 anos. Os dados são da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), publicados na edição 350 da “Revista Fapesp”. A partir de dados do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), a Fapesp informa que em 2013 foram registradas 3,7 mil vítimas de violência interpessoal nas escolas, valor que subiu para 13,1 mil, em 2023. Os números envolvem estudantes, professores e outros membros da comunidade escolar. Entre as ocorrências, 2,2 mil casos envolveram violência autoprovocada, tipo de agressão que aumentou 95 vezes no recorte temporal avaliado.
DISCURSO DE ÓDIO
A nota do Sind-UTE/MG afirma que o crescimento alarmante da violência no ambiente educacional, tornando-se fonte de medo e sofrimento para professoras e toda a comunidade escolar, é resultado da difusão de discursos desconectados da realidade que buscam incutir na sociedade a desvalorização e o preconceito contra o ensino público. “Esse aumento está diretamente ligado à propagação de discursos de ódio, especialmente por setores da extrema-direita”, sustenta.
Conforme o Sindicato, a mentira é a base dessa atuação política. “Por meio de uma máquina ideológica e do uso massivo das redes sociais, produzem e espalham fake news em escala industrial”, denuncia.
EDUCAÇÃO COMO ALVO
A nota afirma que, por diversos motivos, a educação é o principal alvo de fake news e ataques da extrema direita e elenca os motivos da campanha contra a educação e a escola pública: “O objetivo é transformar as escolas públicas em espaços robotizados e militarizados, de doutrinação e conformismo, perpetuando privilégios e injustiças sociais. Para sustentar essa agenda, atacam, caluniam e distorcem a realidade, tentando apresentar as escolas como locais de depravação, onde supostos abusos de professores contra crianças e adolescentes seriam comuns”.
O CASO NIKOLAS
“Um exemplo – tipifica o Sindicato – é o deputado federal Nikolas Ferreira, que acumula processos por calúnia e difamação e segue espalhando mentiras contra toda a categoria docente”.
A nota pública exorta a sociedade a reagir contra os ataques à educação, pedindo o fim do silêncio. “É a vida de milhares de profissionais e estudantes que está ameaçada por essa onda de calúnia e ódio”, sentencia.
REAÇÃO
Entre as medidas a serem tomadas contra a violência, o Sind-UTE/MG enumera a denúncia de toda forma de violência e fake news contra as escolas e seus profissionais; e a exigência de políticas públicas efetivas de proteção e valorização dos educadores.
“O Sind-UTE convoca toda a sociedade a reagir. Só a mobilização coletiva pode barrar o avanço do ódio contra nossas escolas e nossos educadores. Nossa luta é por um ambiente educacional seguro, democrático e livre de violência”, conclui a nota da entidade.