Cidades

Servidor sofre “calote” do Governo Mendes

Governo Sérgio Mendes, além de não pagar salário de dezembro e férias, não repassou descontos efetuados no salário dos servidores à Caixa Econômica, em razão de empréstimo consignado

TIMÓTEO – O prefeito Sérgio Mendes (PSB) causou sérios prejuízos ao funcionalismo público de Timóteo nos últimos seis meses de seu governo. Além de não pagar os salários de dezembro, durante a administração do ex-prefeito um montante de R$ 4,3 milhões foi descontado dos servidores e deixou de ser repassado às instituições credoras.

Isso quer dizer que foram descontados dos trabalhadores os encargos trabalhistas, contribuição sindical, parcelas de empréstimos bancários e outras operações, diretamente do contracheque da categoria. Só à Cooperativa de Crédito dos Servidores Municipais de Timóteo (Coopertim) deixaram de ser repassados R$ 1,127 milhão, referente a movimentações financeiras de agosto a dezembro.

A instituição encaminhou em 17 de dezembro um ofício especificando que em agosto a Prefeitura de Timóteo deveria ter pago, por exemplo, R$ 124.246,21. “Declaramos para os fins que se fizerem necessários que não foram repassados à Coopertim os valores descontados em folha de pagamento dos servidores municipais de Timóteo”, descreveu.

Assim como a Coopertim, também não foram pagos, apesar de descontados, os valores referentes ao INSS dos quase 2.200 servidores lotados na Prefeitura e dos prestadores de serviços, estimados em quase R$ 1,5 milhão.
Já com a Caixa Econômica, o débito de créditos consignados era de R$ 409 mil. Para o Sindicato dos Servidores Públicos de Timóteo (Sinsep), o Executivo deve R$ 178 mil de contribuições sindicais atrasadas. Ao cartão Vale Mais, o débito era de R$ 231 mil.

Os levantamentos foram feitos pela equipe de auditoria interna do prefeito Keysson Drumond (PT) a pedido do DIÁRIO POPULAR. As informações foram encaminhadas ao Ministério Público na terça-feira (22).

LESADOS
A servidora Kênia Azevedo contraiu um empréstimo consignado com a Caixa Econômica em 36 parcelas e acabou surpreendida com a cobrança de multas e juros de R$ 92. Em meados de outubro, ela esteve em sua agência bancária para falar coma gerente e reclamar da cobrança, já que a parcela de R$ 219 era descontada pelo banco em seu contra-cheque. Ela avalia que a cobrança decorreu de atrasos no pagamento do empréstimo. “Esse valor era descontado do meu salário logo que o pagamento caía, então quando vi a cobrança de juros assustei. Indaguei a gerente por que tinham debitado o valor da minha conta. O valor foi estornado, mas não obtive uma explicação plausível para a cobrança de juros e multas”.


O servidor Heyder Campos teve um pedido de empréstimo negado pela Cooperativa de Crédito dos Servidores Municipais de Timóteo       (Foto: Nadieli Sathler)

MATRÍCULA
O programador Heyder Campos também passou pelo constrangimento de ter um pedido de empréstimo negado pela Coopertim. Em dezembro, ele precisava pagar a matrícula do filho no curso de Engenharia Mecânica.

“Precisei de crédito e não tive acesso porque a Prefeitura devia à cooperativa. Como não recebi o salário de dezembro, usei muito o cartão Vale Mais para fazer compra em um supermercado no bairro Bromélias, onde moro. Tive que deixar os mantimentos para trás porque o cartão não passou”, relatou.

O funcionário público relevou que não consultou se seu nome foi negativado pelas empresas credoras em função da inadimplência do governo Mendes. Mas há relatos de servidores que foram incluídos no Serasa e no SPC.
“Infelizmente todo final de mandato é assim, trocam os prefeitos e o servidor fica sem receber e depois tem que receber parcelado. Pedi que o sindicato resolvesse essa questão da apropriação indébita, enquanto representante da categoria cabe a eles acionar a justiça”, afirmou.


O vice-prefeito Marcelo Afonso não passou pelos mesmos problemas dos servidores efetivos: recebeu,
não só o salário, como férias vencidas e proporcionais

Em dezembro, ex-prefeito e vice receberam R$ 49 mil e R$ 24 mil, respectivamente
Timóteo
– Apesar de ter deixado quase 2.200 servidores públicos sem os salários de dezembro, os cargos comissionados tiveram todos os seus benefícios garantidos e, ainda, antecipadamente. O ex-vice-prefeito Marcelo Afonso (PSD), por exemplo, recebeu, no dia 20 de dezembro, o equivalente a R$ 24,4 mil. O montante é referente ao salário de dezembro, serviços assistenciais, férias vencidas e proporcionais. O valor bruto no contra-cheque do ex-vice prefeito era de R$ 27 mil. Hoje, Afonso – que já trabalhou no Governo Robson Gomes (PPS) e foi assessor do deputado federal Alexandre Silveira (hoje no PSD) – está lotado como chefe de gabinete do vereador Jadson Moreira (PPS), na Câmara Municipal de Ipatinga.

O ex-prefeito Sérgio Mendes (PSB) também garantiu para si todos os benefícios devidos. Ele recebeu mais de R$ 49 mil, referente também ao salário de dezembro, benefícios assistenciais, férias vencidas e proporcionais. O valor bruto do contra-cheque de Mendes foi de R$ 54.150,42. Além de Marcelo Afonso e de Sérgio Mendes, foram pagos no mesmo dia 46 servidores que ocuparam cargos comissionados no governo Mendes, totalizando R$ 380 mil.

Ao esmiuçar a folha de pagamento, a Secretaria de Administração avaliou que a liberação de apenas parte da folha de pagamento é ilegal. O caso foi levado ao Poder Judiciário.
Além de não quitar os salários de dezembro, Mendes também deixou de pagar as folhas de férias de agosto, setembro, novembro e dezembro. Ele quitou apenas a de outubro.

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