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Seminário discute impacto da tragédia da Samarco no Rio Doce

IPATINGA – Dois anos após a maior tragédia socioambiental do Brasil, será realizado nos dias 9, 10 e 11 de novembro, o II Seminário Integrado do Rio Doce. A iniciativa é da Universidade do Rio Doce (UNIVALE), com o apoio de várias universidades federais como UFMG, UFOP,UFV,UFJF,UFES, UFSC e do Fórum Permanente da Bacia do Rio Doce.
O evento será realizado na cidade de Governador Valadares, no Campus da UNIVALE, localizado às margens do Rio Doce, que, assim como parte da população, continua sofrendo até hoje os efeitos nefastos do desastre.

PREJUÍZOS

Conforme ambientalistas, a lama continua no fundo dos rios e do mar, a pesca proibida, a disposição final dos rejeitos e da lama ainda é desconhecida. A vida de milhares de pessoas ainda não voltou à normalidade como é o caso dos moradores das vilas de Bento Rodrigues e Paracatu, pescadores, população indígena Krenak, pequenos produtores rurais , comerciantes, donos de hoteis e pousadas no litoral capixaba, próximos da foz do Rio Doce.
A mostra de fotos, manifestações culturais, encontros e debates e todas as atividades do Seminário serão realizadas em auditório e salas de aulas localizadas a menos de 50 m das margens do Rio Doce. Nos intervalos, os participantes são convidados a visitar o Rio, conhecerem sua situação e estabelecerem alguma conexão com ele.

ÉTICA BIOCULTURAL

No dia 09/11, às 19:00h, a conferência de abertura será proferida pelo prof. Dr. Ricardo Rozzi, da University North of Texas, USA, sob o tema: Ética Biocultural e Desastres Ambientais. Dr.Rozzi é uma autoridade mundial nesta matéria e seus estudos e publicações buscam incorporar a ética ambiental nas práticas de conservação dos recursos naturais e também nos programas educacionais nos países da América Latina. A ética biocultural combina os hábitos humanos com os habitats e as comunidades de co-habitantes (por exemplo, os seres vivos de nossa fauna e flora). O que se busca é a consciência de co-habitar o planeta com uma grande diversidade de seres vivos, línguas e culturas humanas.
Serão realizadas 2 rodas de conversação com prof. Rozzi: no dia 09/11,14h, com os participantes do Seminário e no dia 10/11,14h, com os membros do Comitê Permanente do Rio Doce.

AVALIAÇÃO DO DESASTRE
No dia 10/11, às 19:00h, acontecerá uma mesa redonda de especialistas sobre o tema Avaliação dos 2 anos do desastre. Profissionais de diferentes áreas do conhecimento e de vários segmentos sociais discutirão como está sendo realizada a reabilitação da bacia pela Fundação Renova (entidade criada e mantida pela SAMARCO, VALE e BHP); os atrasos rotineiros das obras de engenharia, em geral, do cadastramento da população atingida e também das indenizações de quem perdeu bens e capacidade de gerar renda (as ações judiciais passam de 70 mil). Outros temas serão as dificuldades técnicas no processo de recuperação de barragem de Candonga (que reteve cerca de 20 milhões de m3 da lama) e também a delicada questão da construção das novas vilas de Bento Rodrigues e Paracatu, prometida para 2019, isto é, as pessoas terão que esperar 4 anos para voltar a ter sua casa. Além disso, sabe-se que continuam presentes as dúvidas, desconfiança e incertezas da população quanto à qualidade da água do rio Doce. A Samarco, Fundação Renova, órgãos dos governos e universidades não conseguiram responder a perguntas básicas sobre o efeito dessa água com lama na saúde das pessoas e porque a pesca continua proibida.

DECLARAÇÃO
As conclusões e recomendações do Seminário serão reunidos na Declaração de Governador Valadares, a ser elaborada pelos participantes e especialistas.
A coordenação dos trabalhos está a cargo do Professor Haruf, da UNIVALE e do Engenheiro Cláudio B. Guerra, que, além de nativos da bacia do rio Doce, trabalharam com a questão socioambiental nesta região, nos últimos 25 anos.

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