Policia

Rodrigo Neto relatou ameaças de morte por parte de policiais,diz MP

O delegado Emerson Morais (E) ao lado do também delegado Édson Moreira, que atuou na investigação da morte de Eliza Samudio

IPATINGA – As investigações da execução do jornalista Rodrigo Neto estão agora sob a responsabilidade da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte. O delegado Emerson Morais assumiu o caso ainda na manhã de sábado (9).

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, a posição da coordenação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) é que não haverá pronunciamento sobre o crime ou mesmo quanto ao andamento das investigações, pois foi decretado sigilo na condução do inquérito.

A decisão de afastar a equipe de homicídios da Delegacia Regional de Ipatinga veio do comando geral da Polícia Civil na capital, a pedido do governador Antonio Anastasia. Com isso, nenhuma diligência ou mesmo depoimento de testemunha está sendo feito por policiais da região.

Durante o final de semana, amigos e parentes do jornalista foram ouvidos pelos investigadores da capital. A PC já possui imagens de câmeras de filmagem que podem ajudar na elucidação do crime.

HOMICÍDIO
Rodrigo Neto foi morto no início da madrugada de sexta-feira (8), quando deixava o Churrasquinho do Baiano, situado na avenida Selim José de Sales, no bairro Canaã, por dois indivíduos em uma motocicleta escura.

Ele foi alvejado por três disparos letais: na cabeça, lado esquerdo do peito e outro nas costas. O radialista chegou a ser socorrido por amigos, mas deu entrada no Hospital Municipal de Ipatinga sem vida.
A arma usada no crime foi um revólver calibre 38. Ao todo, cinco projéteis foram recolhidos pela PC para serem periciados. O carro e o computador de Rodrigo também foram apreendidos.

Os amigos e colegas de profissão defendem que a motivação do crime está diretamente relacionada com o trabalho do jornalista policial. Rodrigo denunciou diversas vezes crimes cometidos por policiais e cobrava da Justiça e da Polícia apuração de casos de grande repercussão na região.

VELÓRIO
Rodrigo Neto foi sepultado na manhã de sábado (9), por volta das 10h30, no Cemitério Parque Senhora da Paz, em Ipatinga. Além dos colegas de imprensa e autoridades da área segurança pública, uma multidão de ouvintes que acompanhavam diariamente o programa “Plantão Policial”, no qual Rodrigo Neto dividia a bancada com Adair Alves, o Carioca, marcou presença.


O promotor Bruno Cesar confirmou que denúncias de ameaças sofridas por
Rodrigo Neto levaram MP a abrir procedimento administrativo

MP confirma que ameaças foram levadas às autoridades
Ipatinga
– O promotor Bruno Cesar Jardini confirmou na tarde de ontem (11) que Rodrigo Neto levou ao conhecimento do Mistério Público ameaças de morte que sofreu por parte de policiais.

A Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial abriu um procedimento interno denominado de ‘Notícia de Fato’, em que foram anexados emails que o jornalista encaminhou ao antigo titular da pasta, o promotor Cesar Augusto dos Santos.

O primeiro deles foi em 23 de setembro de 2011 e o outro em 7 de fevereiro de 2012. Apesar de não divulgar o conteúdo das correspondências, Bruno adiantou que Rodrigo expressou nos emails que se sentia ameaçado.
As informações que constavam no procedimento interno foram encaminhadas pelo promotor Cesar ao delegado regional, à época, João Xingó, e ao comando do 14° Batalhão de Polícia Militar, com pedido de providência.

Bruno revelou ainda que na 6° Promotoria de Justiça existem outros procedimentos com denúncias relativas a outros crimes que envolviam policiais, feitas por Rodrigo Neto. Todo esse material vai ser disponibilizado pela promotoria ao delegado responsável por apurar a execução do jornalista.


PCdoB denuncia tentativa deintimidação e pede apuração
Ipatinga
– “O assassinato do jornalista e radialista Rodrigo Neto foi um ato de covardia que atinge também de maneira letal a própria liberdade de imprensa”. A declaração é do presidente do Diretório Municipal do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Zacarias Santos.

O militante comunista destacou que tinha especial afeição por Rodrigo Neto e pelo importante trabalho que ele sempre desempenhou na imprensa local. “Seja no Plantão Policial ou na imprensa escrita, Rodrigo teve papel de destaque na denúncia de inúmeros casos de violação dos direitos humanos e de impunidade”, disse Zacarias, sublinhando que o PCdoB “é um partido que se forjou na luta contra as injustiças sociais e no combate às tiranias que vitimaram vários de seus militantes e, infelizmente, ainda hoje continuam a fazer vítimas pelo Brasil afora, como é o caso da morte de Rodrigo Neto”.

Zacarias Santos cobrou a imediata apuração do caso e a punição exemplar dos envolvidos no assassinato do jornalista e exortou a todos os militantes do PCdoB a repudiarem este ato de violência e permanecerem irredutíveis na luta pela punição dos culpados.


PCdoB denuncia tentativa de intimidação
e pede apuração

Keisson repudia assassinato e defende liberdade de expressão
Timóteo
– O prefeito Keisson Drumond (PT) foi mais uma voz a fazer coro com o repúdio pelo assassinato do jornalista Rodrigo Neto, ocorrido na última sexta-feira (8), em Ipatinga.
Ele também cobrou rapidez nas investigações sobre o crime, que considerou “deplorável”, e rigor na punição aos culpados. “Me solidarizo com a família e com os amigos do Rodrigo Neto. Sua morte não pode ficar impune”, afirmou.

Keisson declarou ser inadmissível que qualquer pessoa seja punida, ainda mais com a morte, por exercer sua profissão. “O trabalho do jornalista, mais do que a informação pura e simples, tem componentes sociais e, portanto, humanos. Em muitos casos, é o único recurso para muita gente, principalmente as pessoas mais humildes, que tinham no Rodrigo Neto uma voz possante e importante na sua defesa”, indignou-se o prefeito de Timóteo.

A liberdade de expressão e de imprensa também foi defendida por Keisson como um direito sagrado. “Ninguém pode ser punido por emitir uma opinião, por se expressar, por dar publicidade a algo que é público. Vivemos em um regime democrático. Devemos lutar pelo fim da impunidade, como forma de combater a violência, e defender, todos os dias, a liberdade de expressão e de imprensa”, concluiu Keisson Drumond.

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