Policia

Repórter relatou ameaças de morte

Na edição de estreia do DIÁRIO POPULAR, em junho de 2007, Rodrigo Neto fez reportagem sobre morte de missionária     (Crédito: Arquivo DP)

IPATINGA – Rodrigo Neto escreveu várias reportagens sobre crimes cujos principais suspeitos eram policiais. E também não se calou diante de casos que envolviam autoridades ou mesmo bandidos perigosos. Por isso, o jornalista sabia que corria riscos. Ele costumava ter alguns cuidados, como olhar pelo retrovisor para ver se era seguido, evitar se sentar de costa para a rua e variar caminhos ao dirigir em direção a casa ou ao trabalho.
Rodrigo Neto externou a colegas de profissão, em várias ocasiões, seus temores e ameaças que sofria. Ele levou as informações sobre as ameaças à Polícia Militar, à Polícia Civil e também ao Ministério Público, especificamente à Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial.

Em um dos casos, em 2011, Rodrigo relatou que foi informado de que determinada pessoa (o jornal optou por não divulgar o nome) tinha um plano para matá-lo. A situação envolvia uma das reportagens escrita pelo jornalista, sobre um crime ocorrido na região. No dia 27 de novembro, ele contou que conversou com o promotor (César Augusto) e com o delegado regional (à época, João Xingó) pedindo providências. “A pessoa que me procurou é colega dele (da pessoa que disse que o mataria) e me alertou. Falou coisas que somente quem está me monitorando sabe, dos carros que tive, e estava andando em bares e locais que freqüento”, afirmou, à época, Rodrigo Neto. O jornalista contou ainda que esteve no 14º Batalhão de Polícia Militar e também ouviu da Polícia Civil que seria aberto um inquérito para apurar as circunstâncias da ameaça. Ainda segundo informou Rodrigo Neto na ocasião, o promotor disse a ele que pediria averiguações.

Ontem, a reportagem procurou nos órgãos competentes registros dos pedidos feitos por Rodrigo. No Ministério Público, informaram que há um novo titular na Promotoria, que não se encontrava no local no momento. O antigo promotor César Augusto foi transferido. Prometeram fazer um levantamento para localizar um possível registro. Na Polícia Civil, também foi feita promessa no mesmo sentido.
Já no 14º Batalhão, onde Rodrigo Neto chegou a se encontrar com o suposto autor das ameaças de morte, o atual comandante Edvânio Carneiro, que está há pouco tempo no comando da PM na região, disse desconhecer o episódio. Ele ficou de se inteirar do caso.

DENÚNCIAS
Rodrigo Neto denunciou à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas o envolvimento de policiais nos crimes que ficaram conhecidos como Chacina Belo Oriente e o grupo de extermínio da Moto Verde.
Reiteradas vezes Rodrigo Neto cobrou a solução para a chacina de Belo Oriente, ocorrida em 2006. Ninguém até hoje foi punido pelo crime, embora as investigações tenham apontado fortes indícios de envolvimento de policiais na chacina. Um grupo fortemente armado invadiu uma residência e assassinou três pessoas: Terezinha Caetano Batista, Paulo Felipe de Oliveira Ferreira e Heraldo Círio. Os três eram, respectivamente, mãe, irmão e cunhado de Juliano Batista Ferreira, responsável pela execução do detetive da Polícia Civil Lhayre Paulineli, ocorrido meses antes.
Juliano foi a júri popular em 2008 e condenado a 14 anos de prisão. O jornalista denunciou e cobrou a punição para os policiais envolvidos no crime. Inconformado com a inércia das autoridades no desfecho do caso, ele chegou a investigar a situação por conta própria.

CASO DA MISSIONÁRIA
Em junho de 2007, na edição de estreia do DIÁRIO POPULAR, a editoria de Polícia trouxe um detalhado relato da delegada Adeliana Xavier, responsável pelo inquérito do assassinato de Anelise Teixeira Monteiro Carlos.
A missionária foi encontrada morta em 17 de janeiro de 2007, mas seu corpo só foi identificado por parentes sete dias depois. O corpo degolado estava boiando às margens da Lagoa Silvana, sem nenhum documento de identificação. Rodrigo Neto publicou a informação de que um policial militar era o principal suspeito do crime. O testemunho de Daniel Silva Araújo foi fundamental para se chegar ao nome do policial. Daniel foi executado em abril de 2010, quando estava em um bar em Pedra Branca, zona rural de Ipatinga.

PEDOFILIA
Entre os diversos casos em que esteve envolvido diretamente na apuração, Rodrigo Neto denunciou em março 2008 a morte do garoto Luis Alfredo Martins, o Luizinho, de 14 anos. O adolescente era a testemunha chave de um crime de pedofilia envolvendo um advogado.
O crime chocou pela brutalidade, pois o menino foi decapitado. Depois de assassinado, sua cabeça foi jogada no quintal de um policial militar. O jovem assassinado testemunharia contra o advogado, também denunciado por outras reportagens investigativas de Rodrigo.

MÁFIA DOS GUINCHOS
Já em março de 2008, o jornalista relatou às autoridades a existência de uma Máfia dos Guinchos no Vale do Aço. Segundo a matéria, policiais rodoviários federais estariam favorecendo algumas empresas de guinchos em detrimento de outras.
A informação partiu de familiares de um acidentado na BR-381, em Santana do Paraíso, que afirmaram ter pago valores exorbitantes para o transporte do veículo ao pátio. O guincho do município, responsável pelos transportes naquela região, foi procurado pelo repórter e confirmou as denúncias. O Ministério Público Federal entrou no caso, ouviu testemunhas e afirmou, na época, que iria acionar a Polícia Federal para apurar as irregularidades.

Pistolagem
Adriano Pitbul falou com exclusividade ao jornalista

Ipatinga – O repórter Rodrigo Nego conseguiu a façanha de entrevistar um foragido da Justiça, envolvido em crimes de pistolagem: Adriano Rodrigues Miranda, mais conhecido como Adriano Pitbul, em fevereiro de 2010.

A exigência feita pelo entrevistado foi que o local de encontro não fosse divulgado às autoridades pelo jornalista. Em suas declarações, Pitbul confirmou a execução do ex-presidiário Oliveira de Paula, ocorrido na cidade de Timóteo em 2006, a mando de João Caboclo, ex-prefeito de Tarumirim.

“Bastava apenas um telefonema do João Caboclo que a pessoa era caçada e executada”, afirmou Pitbul. Pela execução de Oliveira, Adriano foi condenado a 24 anos e 10 meses de prisão.
“Eu recebi quase 25 anos de prisão e ele nada até agora. Continua mandando matar e ninguém faz nada. Eu não trabalho mais para ele, cansei dessa vida”, confessou Adriano.

Na entrevista, publicada pelo DIÁRIO POPULAR, o pistoleiro afirmou que o político também planejava a morte do então delegado de Coronel Fabriciano, Francisco Lemos, e também do deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado, Durval Ângelo (PT).
Adriano sofreu uma tentativa de assassinato na cidade Governador Valadares, em setembro de 2007. Pitbull disse que quem mandou matá-lo foi João Caboclo.


Adriano Pitbul aceitou se encontrar com Rodrigo Neto em um local
sigiloso e fez revelações comprometedoras

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