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Relatório é fraude jurídica e política, critica presidenta

José Cruz/Agência Brasil

BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff criticou nesta terça (12) o relatório pela admissibilidade da abertura de seu processo de afastamento na Câmara dos Deputados e o classificou de “maior fraude jurídica e política” da história brasileira. Sem citar diretamente os nomes, ela afirmou que o vice-presidente da República, Michel Temer, e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), são os chefes do que ela chamou de golpe em curso contra seu mandato.

CHEFE E VICE-CHEFE

“O fato é que os golpistas que se arrogam à condição chefe e vice-chefe do gabinete do golpe estão tentando montar uma fraude para interromper no Congresso o mandato que me foi conferido pelos brasileiros. Na verdade, trata-se da maior fraude jurídica e política de nossa história. Sem ela, o impeachment sequer seria votado. O relatório da comissão de impeachment é instrumento dessa fraude. O relatório é tão frágil, tão sem fundamento, que chega a confessar que não há indícios, não há provas suficientes do que eles chamam de irregularidades e que tentam me atribuir. Pretendem derrubar sem provas e sem justificativa jurídica uma presidenta eleita por mais de 54 milhões de votos”, afirmou Dilma, em discurso para uma plateia de estudantes e educadores no Palácio do Planalto.

PLENÁRIO
A votação do parecer sobre a continuidade do processo de impeachment no plenário da Câmara deve começar sexta-feira (15) e se estender pelo fim de semana.

“Antes sequer da votação do inconsistente pedido de impeachment, foi distribuído um pronunciamento em que um dos chefes da conspiração assume a condição de presidente da República. O gesto que revela traição a mim e à democracia ainda explicita que esse chefe conspirador também não tem compromissos com o povo. Diz que é capaz de anunciar que está pensando em manter as conquistas sociais dos últimos anos. Como se conquistas sociais se pensasse se vai ou não manter. E avisa que será obrigado a impor sacrifícios à população. Com que legitimidade fará isso? É uma atitude de arrogância e desprezo pelo povo, do qual certamente tentará retirar direitos que, sem o golpe, seriam inalienáveis”, afirmou.

Dilma referia-se ao vazamento de um áudio em que o vice-presidente Michel Temer fala como se o processo de impeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados.

Dilma agradece apoio de “heróis da democracia”

BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff agradeceu nesta terça (12) os 27 deputados que votaram contra o parecer que deu seguimento ao processo de impeachment na Câmara dos Deputados. Ela disse que eles deram o exemplo e se posicionaram a favor da legalidade ao votar pela rejeição do que chamou de “relatório frágil”. Repetindo as palavras de anteontem (11) à noite do ministro Jaques Wagner, chamou os deputados de “heróis da democracia”.

Por meio de sua conta pessoal do Twitter, Dilma afirmou que teve 41,5% dos votos da comissão, o que proporcionalmente é maior do que será necessário para derrubar o processo na Câmara. “No plenário, buscaremos fazer ainda mais. Humildade e confiança que vamos em frente”, afirmou.
A presidenta agradeceu o “inestimável e histórico apoio” dos parlamentares e citou os 11 diferentes partidos aos quais eles pertencem.

“São 27 heróis da democracia que tiveram a coragem de se voltar contra o relatório, instrumento de uma fraude. Deram o exemplo parlamentares do PT, PP, PMDB, PSD, PR, PDT, PC do B, PSOL, Rede, PT do B e PEN. Pela firmeza de atitude ao rejeitarem o afastamento de uma presidenta que não praticou crime de responsabilidade, honraram a democracia e a Constituição”, acrescentou a presidenta.

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