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Reabertura do Siderúrgica termina em troca de farpas

A PM foi chamada para garantir a segurança durante o evento: disputa eleitoral entre PT e campo do Governo do Estado tumultuou reabertura   (Fotos Nadieli Sathler)

 

FABRICIANO – A reabertura do Hospital São Camilo, a pouco mais de um mês da eleição, culminou em um tenso enfrentamento político entre os grupos de Alexandre Silveira (PSD), aliado do Governo do Estado, e o prefeito Chico Simões (PT).
De um lado, os apoiadores do PT gritavam ‘É ficha suja’ e ‘Cachoeira’, referindo-se ao candidato Celinho do Sinttrocel (PCdoB) – que conta com o apoio de Silveira na cidade. Celinho teve o registro de sua candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral e continua sua campanha confiando em um recurso junto ao plenário do Tribunal Regional Eleitoral, em Belo Horizonte. Do outro lado, aliados do PSD e simpatizantes de Silveira e Celinho declaravam ‘Fora PT’.
Como se não bastasse a troca de insultos entre o público, as lideranças políticas que fizeram uso da palavra também deram mau exemplo, o que exaltou ainda mais os ânimos na tenda montada em frente à unidade hospitalar que serviu de palanque para as autoridades.
Antes mesmo do descerramento da placa inaugural do hospital, a Polícia Militar teve que reforçar a segurança no local, inclusive com presença de policiais militares em frente ao palanque.
O primeiro a falar foi o deputado federal tucano Domingo Sávio. “O governo federal, que é do mesmo partido que o prefeito dessa cidade, não colocou nenhum real para a reabertura do Hospital São Camilo. O que acontece aqui hoje é fruto da ação do governo estadual, que aplicou R$ 16 milhões na unidade”, falou.
Além de relembrar o julgamento do mensalão, afirmando que lideranças petistas estavam sendo condenadas e acusadas de desvio de dinheiro público. Ele ainda criticou faixa que os simpatizantes do PT empunhavam: “Reabertura do Hospital Siderúrgica nos alegra, obrigada Chico Simões”. Nesse momento, o prefeito de Coronel Fabriciano, que até aquele momento estava no palanque de autoridades, acabou se retirando do local.
Ao fazer uso da tribuna, o secretário estadual de saúde Antônio Jorge iniciou seu discurso afirmando que não faria da inauguração um momento eleitoral. Mas, por diversas vezes, o gestor criticou o Governo Federal, repetindo que a reforma do Hospital São Camilo tinha sido fruto do governo estadual, sem nenhum recurso da União.
“Tenho 25 anos de vida pública. Saio daqui lamentando muito porque é próprio da democracia a manifestação, o livre direito de exercer a sua opinião. Mas, o que nós assistimos aqui foi uma provocação armada, de fato profissional, uma coisa deselegante”, disse.

SILVEIRA
Ao chegar a vez de fazer uso da palavra, o secretário extraordinário de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira (PSD), preferiu não discursar. Ele respondeu às perguntas da imprensa apenas no interior da unidade hospitalar, depois de uma breve visita às dependências.
“Estou aqui na qualidade de represente do governador Antonio Anastasia. Percebi que o clima era político, hostil e preparado. A gente até compreende dentro de um processo eleitoral os ânimos ficarem mais acirrados. Mas, quando a gente percebe que tem uma série de pessoas remuneradas para fazer manifestações agressivas, preferi me manifestar através dos olhos da imprensa, dentro do Hospital”, justificou.

Siderúrgica continuou recebendo verba federal, diz Chico Simões
Fabriciano
– Apesar de ter se retirado da cerimônia de reabertura do Hospital São Camilo, o prefeito Chico Simões (PT) declarou que, como médico e gestor público, ficou satisfeito com a reabertura da entidade e “pela prática de democracia do nosso Brasil”.
“Foi aberto graças a uma ação que nós impetramos na Justiça, e ficou claro que o Estado foi o responsável pelo fechamento do Hospital Siderúrgica. Consequentemente, a reabertura também deveria ser sua responsabilidade. Mas o evento foi lastimável, com deputado federal que nem daqui é, extrapolando nas suas falas. É lastimável fazer disputa política eleitoral de baixo nível com uma coisa fundamental para todo mundo, que é a saúde. Quero dizer que esse dia ficará marcado na nossa história”, disse o prefeito, referindo-se às declarações do deputado federal Domingos Sávio.
“Isso foi deprimente, diante de um fato tão sério e relevante. O clima ficou tão ruim que eu fui obrigado a sair do palanque para não compactuar com tamanha baixaria. Propositalmente, esses deputados protelaram a reabertura para o período eleitoral, achando que iam encontrar um clima totalmente favorável para fazer politicagem. Ainda bem que povo de Coronel Fabriciano é consciente, mostrou alegria pela reabertura e indignação pela maneira com que esses deputados tucanos do governo do Estado vieram aqui”, afirmou.
Simões declarou ainda que a situação foi tão agressiva que intimidou Alexandre Silveira. “O deputado que se diz o grande representante da região, secretário da região metropolitana, não falou. Ele realmente percebeu que o povo não queria brincadeira”, observou.
O prefeito afirmou ainda que o hospital recebeu verbas federais. “O hospital está aberto com dinheiro do governo federal também, apesar de ter ouvido um festival de mentiras. Só para se ter uma ideia, enquanto o Hospital Siderúrgica ficou 1 ano e 45 dias sem funcionar, o estado continuou recebendo recursos da União, como se o Siderúrgica estivesse funcionando. Só com isso vocês podem fazer um cálculo de quanto dinheiro federal está aqui aplicado”, rebateu.

Coronelismo
Chico disse ainda que Coronel Fabriciano recebeu vários recursos do governo estadual, isso fruto de sua gestão, e não partidarismo. “Cada político tem seu partido, isso é democrático. A era de coronelismo já acabou. Os coronéis estão sendo substituídos pelos delegados que querem impor a ferro e fogo o seu pensamento. O município tem 62 anos de existência e nunca uma cidade recebeu tanto do governo do estado. Isso mostra que o nosso governo é correto, o relacionamento entre o prefeito e o governador também é sério. Deputado e legislador só faz politicagem, conversa fiada e pouco produz”, concluiu.


“Eu fui obrigado a sair do palanque para não compactuar com tamanha baixaria”, afirmou Simões

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