Cidades

Protestos levam poucos às ruas, mas causam grandes transtornos

Quinta manifestação em menos de uma semana provoca interdição da BR-381 no perímetro urbano e congestionamentos       (Crédito: André Almeida)

IPATINGA – As manifestações que levaram milhares às ruas das grandes cidades brasileiras e que chegaram ao Vale do Aço parecem ter perdido o fôlego na região. Ontem (1), dois protestos aconteceram em Ipatinga, mas o que se viu foram pequenos grupos marchando pelas ruas da cidade, alguns, inclusive, sem objetivo definido.

A primeira manifestação foi marcada via internet, para às 10h, com concentração na Praça dos Três Poderes, no Centro de Ipatinga. A organização do movimento foi atribuída ao mesmo grupo que coordenou dois pequenos protestos na semana passada e que resultaram em trânsito parado, nervosismo por parte dos motoristas e ausência de foco ou pauta de reivindicações por parte dos participantes.

Após sair da Praça dos Três Poderes, o ato seguiu para a avenida 28 de Abril, a mais movimentada do comércio no Centro, e pressionou para que os lojistas fechassem as portas, “ordem” que foi acatada por eles. Depois, os protestantes seguiram para o bairro Veneza, passaram pelo Jardim Panorama e pelo Iguaçu, onde se dirigiram para a portaria da Autotrans, concessionária de transporte público na cidade. Finalmente, foram para a BR-381 e seguiram em direção ao Horto – o trânsito permaneceu fechado até a noite no bairro. Por causa do impedimento, motoristas usaram o Bom Retiro como atalho para chegarem ao Centro e vice versa, o que culminou em um engarrafamento no Cariru.

MEIO PASSE
Às 17h, grupos ligados a sindicatos como o dos Metalúrgicos (Sindipa) e dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), além de partidários da esquerda, organizaram um manifesto que se concentrou no Trevo do Jardim Panorama. O grupo contou com o apoio de representantes do Movimento Passe Livre, recém instituído na cidade, e pediu a redução das tarifas praticadas pelo transporte coletivo para o preço de R$ 2,40 sem diferenças para os que pagam em dinheiro ou cartão. Mais cedo, o grupo havia protocolado na Prefeitura um documento informando sobre o manifesto. No texto, estavam contidas as pautas desejadas: meio passe para estudantes, abertura das planilhas do transporte público na cidade, implantação do sistema de integração, melhorias na qualidade do transporte e aumento de linhas no período noturno e nos fins de semana.

Aos gritos de “chega de impasse, queremos meio passe”, os participantes foram pela avenida Guido Marlière (Panorama) até a garagem da Autotrans, no Iguaçu. Antes, marcharam pela avenida Brasil e causaram preocupação nos comerciantes. Um supermercado fechou as portas, mesmo com clientes do lado de dentro, no momento em que o manifesto passou.

Já na Autotrans, o grupo pediu pela redução da passagem, mas não encontrou ninguém da administração para conversar, uma vez que já passava das 19h. Os dois portões da garagem da concessionária, que normalmente ficam abertos para entrada e saída de veículos, foram trancados.

Alguns manifestantes tentaram iniciar atos de vandalismo contra a empresa, mas foram repreendidos pela organização. O mesmo grupo cogitou a possibilidade de seguir em direção à Prefeitura, mas uma batida da Polícia Militar pôs fim aos planos dos supostos protestantes, que se dispersaram.

DESPERCEBIDOS

Os protestos de ontem não chamaram atenção e nem de perto lembraram o primeiro movimento organizado na cidade, em 21 de junho, quando cerca de 10 mil pessoas participaram do ato público que passou pelo Jardim Panorama, Parque Ipanema, Centro e fechou as BRs-458 e 381.

Uma tentativa de segunda manifestação foi então agendada para a última quarta-feira (26) com concentração marcada para o trevo do Panorama. O protesto organizado às pressas teve baixa adesão: mobilizou cerca de 30 pessoas. Ainda assim, o grupo conseguiu estabelecer o caos, paralisando a BR-381 até o fim da noite daquele dia.

Na sexta-feira (28), novo protesto. Dessa vez marcada para começar na BR-381, altura do bairro Ferroviários, a manifestação movimentou a imprensa, mas decepcionou no quesito público: cerca de 50 pessoas andaram pela rodovia, sentido à Prefeitura, e depois se dispersaram. O grupo que restou foi para a 381 onde o tráfego, de novo, foi interrompido.

No sábado (29), a ideia era fazer um ato que teria início outra vez na Prefeitura para então seguir novamente para a rodovia. Novamente, um pequeno grupo participou, mas os transtornos foram enormes, como engarrafamento que durou até o final da tarde e se estendeu para outros pontos de Ipatinga.

Os protestos sem direção estão sendo vistos como vilões por grande parte da população, que reclama do trânsito parado especialmente nos horários de pico. Na internet, onde os movimentos têm sido iniciados, as manifestações com poucos adeptos também são alvo de críticas nas redes sociais.

Ainda assim, os atos públicos devem continuar na cidade. O grupo que pedia redução das tarifas de transporte coletivo já agendou um novo encontro para o próximo sábado (6), com concentração novamente no trevo do Panorama. Os organizadores esperam que a marcação com antecedência faça com que mais pessoas tomem conhecimento do ato e, claro, participem.

AMARO LANARI

Com o tráfego entre Ipatinga e Fabriciano comprometido em virtude dos protestos, motoristas também vêm utilizando a passagem pelo bairro Amaro Lanari como atalho para fugir dos engarrafamentos. No entanto, o local também se transformou em ponto de manifestações ontem e mais transtornos foram registrados. Um pequeno grupo de adolescentes fechou a entrada do bairro, impedindo o trânsito. Também apedrejaram carros que tentavam cortar a barreira formada por eles. O ato terminou no início da noite com a prisão de quatro pessoas por dano ao patrimônio.

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