Cidades

Protesto marca um mês da execução de Rodrigo Neto

Manifestantes se reuniram na praça 1º de Maio e caminharam até a Delegacia Civil: "Rodrigo Neto, Justiça!"

 

IPATINGA – Para marcar o primeiro mês desde a bárbara execução do jornalista e bacharel em Direito Rodrigo Neto de Faria, o Comitê – que leva o mesmo nome do radialista – realizou na tarde de segunda-feira (8) um protesto na área central de Ipatinga.
A concentração de amigos, familiares e colegas de imprensa foi na Praça 1° de Maio. De lá, os manifestantes saíram em passeata pela avenida Vinte e Oito de Abril, rua Poços de Caldas, e por fim percorreram a avenida João Valentim Pascoal, parando em frente à 1° Delegacia Regional de Polícia Civil de Ipatinga.

O cortejo foi um ato de luto, tanto pela execução de Rodrigo Neto, ocorrida no dia 8 de março, no bairro Canaã, como também uma manifestação em função dos 30 dias sem elucidação do crime.
Além da passeata, o Comitê Rodrigo Neto fixou dezenas de cruzes pretas no canteiro central da avenida Pedro Linhares, no bairro Ferroviários, próximo à concessionária de carros Multicar. O marco visual também integra as atividades em memória ao radialista assassinado.

Para o jornalista Fernando Benedito Junior, representante do Comitê, a manifestação foi para pontuar o momento de luto vivido pelos meios de comunicação, e ainda um ato de memória ao trabalho do jornalista. “Rodrigo Neto foi um companheiro altamente corajoso e valoroso, que tombou em nome da liberdade de imprensa. Ele foi morto porque estava defendendo o fim da impunidade”, lembrou.

Benedito disse ainda que as expectativas do Comitê Rodrigo Neto quanto ao andamento das investigações policiais sobre o crime são as melhores possíveis. Na semana passada, os integrantes estiveram reunidos com a alta cúpula da área de segurança pública de Minas Gerais.
“Saímos do encontro confiantes que não só o caso do Rodrigo Neto, mas os outros que estão impunes na história do Vale do Aço também vão ser solucionados. Vou repetir o que já dissemos em editoriais que publicamos: neste caso, particularmente, não haverá um minuto de silêncio”, reforçou.

ESFORÇOS
O promotor de justiça Walter Freitas também esteve presente à passeata e declarou total apoio à mobilização feita pela imprensa para cobrar a apuração da morte de Rodrigo Neto.
“Um ato como esse é muito importante para marcar a posição da sociedade de forma contrária a esses crimes que aconteceram no município de Ipatinga e região, principalmente para pontuar que a sociedade vai cobrar a elucidação desses fatos”, analisa.
Ainda prestigiaram o evento vereadora Lene Teixeira (PT) e o presidente da Câmara de Coronel Fabriciano, Marcos da Luz, também do PT.

ASSASSINATO
Rodrigo Neto foi morto por volta da 0h30, no dia 8 de março, quando deixava o Churasquinho do Baiano, no bairro Canaã. Ele foi baleado por dois homens que estavam em uma motocicleta escura.
O jornalista deixava o local juntamente com um amigo. Ele foi alvejado quando se preparava para entrar em seu veículo Corola, placa KHO-4615. Os assassinos pararam a moto próximo à porta do motorista, quando o carona sacou a arma e desferiu três disparos certeiros.
Um atingiu Rodrigo na cabeça, outro nas costas e no lado esquerdo do peito. Depois de baleado, o radialista ainda foi socorrido com vida para o Hospital Municipal de Ipatinga, mas não resistiu aos ferimentos.

INVESTIGAÇÃO
Uma equipe da Polícia Civil de Belo Horizonte foi designada pelo Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) para conduzir as investigações sobre da morte do jornalista.
No dia 9 de março, o delegado Emerson Morais veio para Ipatinga com sua equipe de investigadores para conduzir as investigações. Já foram ouvidas 23 testemunhas e o inquérito já possui 300 páginas. O juiz Antônio Augusto Calais decretou segredo de Justiça nas investigações.

REPERCUSSÃO
Várias autoridades da área de Direitos Humanos e da Segurança Pública estiveram em Ipatinga para acompanhar o caso. Na última sexta-feira (5), o secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, o coronel da Polícia Militar, Márcio Martins Sant´Anna, e o chefe da Polícia Civil, Cylton Brandão da Matta, compareceram a Ipatinga na última sexta-feira (5).
Ferraz foi categórico ao dizer que a elucidação da morte do jornalista é prioridade para o governo estadual, ainda que haja o envolvimento de policiais civis ou militares.
“Seja quem for, é questão de honra que vamos apurar isso”, prometeu Rômulo.


As cruzes pretas colocadas no canteiro central da BR-381, próximo ao bairro Ferroviários, integram as ações
em torno dos 30 dias da morte do radialista

Comitê entrega relação de crimes impunes a ministra
BH –
Na próxima quinta-feira (11) o Comitê Rodrigo Neto se reúne novamente com a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, em Belo Horizonte.
Os integrantes vão entregar à ministra um documento contendo a relação de crimes cometidos na região do Vale do Aço que ainda não tiveram elucidação. O material foi solicitado pelos membros do Grupo de Trabalho de Violência Contra Comunicadores, para subsidiar um eventual pedido de apoio da Polícia Federal nas investigações.
Ela esteve em Ipatinga no dia 19 de março para participar de uma audiência publica promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, a pedido do Durval Ângelo na sede do 12° Departamento de Polícia Civil, no bairro Iguaçu.

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