terça-feira, maio 13, 2025
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Projeto Terra Doce leva experiência do Instituto Terra a outras cidades

Projeto mostra que produção de alimentos e regeneração da natureza andam juntos; e como pequenos produtores estão mudando o destino de uma das bacias mais degradadas do país

AIMORÉS – O Instituto Terra, de Aimorés, está levando sua experiência de recuperação da Mata Atlântica a diversos outros municípios da Bacia do Rio Doce. A iniciativa começou com o projeto do fotógrafo Sebastião Salgado de recuperar a área degradada da Fazenda Bulcão, pertencente à sua família e transformá-la em área de preservação ambiental. O projeto deu certo e tornou uma das maiores referências de recuperação do bioma da Mata Atlântica no Leste mineiro

Agora, a iniciativa chega a cinco novos municípios do Vale do Rio Doce. Hoje fazem parte de uma nova história de regeneração ambiental e fortalecimento do campo, as cidades de Aimorés, Santa Rita do Itueto, Resplendor, Conselheiro Pena e Itueta, que não estão apenas localizados em uma das bacias hidrográficas mais degradadas do Brasil. Agora, também estão no centro de um modelo que une produção rural, recuperação ambiental e segurança hídrica.

TERRA DOCE

Lançado em 2023, o Terra Doce é a evolução do antigo programa Olhos D’Água e representa a ampliação do trabalho de Desenvolvimento Rural Sustentável do Instituto Terra. Nascemos com o objetivo de promover a prosperidade ambiental das comunidades na bacia do Rio Doce por meio da segurança hídrica, dos sistemas sustentáveis de produção e do fomento a uma cultura socioeconômica e ambientalmente responsável.

O Terra Doce vai além de iniciativas tradicionais de reflorestamento. “Nosso programa nasceu com um princípio simples: nada se transforma de verdade se não for com quem vive da terra. Por isso, o Terra Doce é uma construção coletiva, feita de escuta, parceria e ação junto aos produtores rurais. Entendemos que cada propriedade tem suas particularidades e cada família seus desafios”, afirma o Instituto Terra.

Desde quando começou, o projeto já alcançou 1.484 famílias. São mais de 2.426 nascentes em processo de recuperação, com a água voltando a correr em locais que há anos enfrentavam escassez. A equipe do projeto já implementou 704 benfeitorias em solo e água, com cercamentos, barraginhas, caixas secas, curvas de nível e estruturas de contenção que transformam a capacidade produtiva do solo.

Os números seguem impressionando. Foram instalados 516 biodigestores, que evitam a contaminação dos rios e melhoram a saúde ambiental das propriedades. Ao todo, já somam 133 hectares em sistemas sustentáveis de produção, como agroflorestas e silvipastoris, além de 120 hectares de áreas estratégicas de recarga hídrica protegidas e em processo de regeneração.

HISTÓRIAS

Cada intervenção carrega uma história. A história de um produtor que viu a nascente voltar. De uma família que passou a colher mais diversidade de alimentos. De comunidades que hoje conseguem produzir com mais resiliência, mesmo diante de secas prolongadas ou da pressão econômica que tantas vezes marginaliza o pequeno agricultor.

Na prática, a equipe do projeto vai até a propriedade, ouve, caminha pelo terreno, entende a realidade e propõe, junto do produtor, o melhor caminho. Às vezes, é um cercamento de nascente. Em outras, é uma nova lógica de plantio, um biodigestor, um sistema agroflorestal ou até um plano completo de manejo do solo e das águas. Em todos os casos, o que se oferece é apoio técnico, materiais, mudas e estrutura — de forma gratuita, para quem mais precisa.

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

O projeto está estimulando a adoção de práticas sustentáveis de produção no campo, capazes de aumentar a eficiência da terra e proporcionar diversificação na produção, ao mesmo tempo em que conserva o solo e os recursos hídricos. O programa tem por objetivo promover uma transformação socioeconômica ambiental em larga escala em uma das bacias hídricas mais degradadas do Brasil.

A mensagem do Terra Doce é clara: regenerar com quem produz. Mostrar diariamente que cuidar do ambiente não é oposto a produzir alimentos, mas parte da mesma equação. E que é possível, sim, pensar uma nova economia do campo — baseada em cuidado, ciência e pertencimento.

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