(*) Walber Gonçalves de Souza
Ser professor no Brasil não é uma missão fácil. Vários fatores poderiam ser listados para encorpar tal afirmação, desde desvalorização por boa parte da sociedade, que não vê a educação com os olhos que deveria, até os salários não condizentes com a profissão. Enfim, como já mencionado são inúmeros os fatores.
Mas nesse artigo, quero focar exclusivamente em um: a formação do professor, como ele se prepara, para no futuro, estar em uma sala de aula.
Historicamente, salvo em pouquíssimos períodos, sabemos que a profissão de professor sempre foi desacreditada e desvalorizada, por isso não era preciso dar a ela o aparato formativo que verdadeiramente ela merece.
Durante décadas era comum as faculdades, que formam professores, funcionarem poucos dias por semana, e com a obrigatoriedade da universalização do ensino, formar professores se tornava ainda mais necessário e isso, de fato aconteceu, várias faculdades brotaram em diversos cantos do país. Mas a questão era: como o professor e com qual rigor científico e pedagógico ele era formado? Será que realmente estaria preparado para exercer com dignidade a escolha feita?
O tempo passou, iniciamos a terceira década do terceiro milênio, e o que vemos? Os professores continuam sendo malformados, uma legião de gente com um canudo na mão e despreparada para executar sua missão profissional.
A virtualização do ensino, e sua consequente banalização, enraizou-se na formação dos docentes. Os números não mentem ao afirmarem que a cada dia mais pessoas possuem curso superior no Brasil. Gente formada no magistério, temos aos milhares, mas cadê o Professor, com “P” maiúsculo? Cadê aquele indivíduo detentor do conhecimento que se especializou para transmitir o que aprendeu? Esse sim, parece estar em extinção.
Vivemos um mundo acadêmico do faz de contas, volto a repetir, salvo raras exceções, muito mais pessoal, do que coletiva. A lógica impetrada pelo Ministério da Educação, que vem se arrastando há décadas nada mais é do que um verdadeiro mundo do faz de contas educacional na formação docente. Basta analisar todos os indicadores que avaliam a educação brasileira.
Qual o resultado de tudo isso? Uma ciranda da ignorância sem fim. Pois um professor malformado, que não sabe, que não domina seu conteúdo, nunca conseguirá estimular e ensinar. Nunca terá conhecimento do seu papel social, da sua importância para a construção da cidadania e principalmente, a consciência do seu papel profissional.
Seja qual for a profissão, a medida entre o bem e/ou o mal que ela faz para as pessoas é uma linha muito tênue. E com certeza o professor bem formado e um malformado faz toda a diferença no processo educacional.
A intenção desse texto é buscar alertar para a necessidade de uma formação sólida para os docentes. Não podemos mais continuar brincando na formação dos professores. Isso é o mesmo que assinar um atestado de eterno subdesenvolvimento, para não afirmar outras coisas.
(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.