segunda-feira, março 10, 2025
Google search engine
InícioNacionaisPrimeira professora trans do ICMC rompe estigmas e promove diversidade

Primeira professora trans do ICMC rompe estigmas e promove diversidade

Leo Ribeiro traz sua expertise em processamento de imagens e visão computacional, iniciando neste semestre como docente da USP

SÃO PAULO – Em um país onde a população trans enfrenta os maiores índices de violência, exclusão educacional e dificuldades de acesso ao mercado de trabalho, a professora Leo Ribeiro faz história ao se tornar a primeira docente trans do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.

Recém-aprovada em concurso público, Léo entrará na sala de aula pela primeira vez neste semestre, levando sua expertise para a formação de novos profissionais e consolidando um marco na luta por inclusão e diversidade na universidade. Mulher transgênero, foi durante o doutorado no próprio Instituto que ela reafirmou sua identidade de gênero. “Estou ocupando um espaço em que muitas pessoas não esperam ver uma mulher trans. Isso, por si só, já é uma mensagem poderosa e acredito que vai ajudar a desconstruir várias ideias equivocadas que foram ensinadas sobre o que é ser uma mulher trans”, destaca.

NOVA FASE

Neste primeiro semestre, a docente assumirá três turmas, ministrando aulas de Processamento de Imagens, Laboratório de Algoritmos Avançados e Laboratório de Introdução à Ciência da Computação. “Estou bastante animada para dar início a essa nova fase da minha vida profissional”, relata.

O início da jornada da professora Leo, em uma das mais respeitadas instituições de ensino do mundo, ocorre em um momento de crescente discurso de ódio contra a população trans, intensificado especialmente após a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Por isso, de acordo com a professora Gabrielle Weber, uma das primeiras professoras trans da USP, a nomeação da Leo é um marco ainda mais significativo. “É um avanço sem precedentes e representa um aumento importante na representatividade trans no quadro docente da USP”, destaca. Gabrielle é docente na Escola de Engenharia de Lorena (EEL) e assumiu sua identidade de gênero há seis anos, quando já atuava como professora na instituição.

CARÊNCIA DE REFERÊNCIAS

Para ela, vivemos um momento em que é necessário comemorar “as primeiras”, pois ainda há uma carência de referências positivas. “Quanto mais pessoas trans ocuparem esses espaços, mais natural isso se tornará. E, mais importante ainda, a nossa presença na Universidade não apenas normaliza essa ocupação, mas também cria condições para que outras pessoas trans também tenham acesso a esses espaços”, afirma Weber, que também é colunista do Jornal da USP.

Ela é uma das coordenadoras do Corpas Trans, grupo de pesquisa e extensão criado em 2021, dedicado a quantificar, analisar e propor ações para a inclusão e o apoio à população transgênero da USP. “Nossas pesquisas mostram que a situação na USP ainda é alarmante quando se trata da inclusão de pessoas trans. Enquanto a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já adota um processo seletivo específico para estudantes trans no vestibular, e a Unicamp está em estágio avançado para adotar algo semelhante, na USP, essa discussão simplesmente não existe”, pontua Weber.

Por outro lado, a criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), em 2022, representou um passo importante para o fortalecimento de ações voltadas ao acolhimento e à equidade na USP. A PRIP tem como função “propor, coordenar, centralizar e apoiar políticas transversais na universidade para alunos(as), docentes e servidores(as), com foco em inclusão, permanência e equidade, sob a ótica da interseccionalidade”.

RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- Advertisment -spot_img

Most Popular

Recent Comments