(*) Fernando Benedito Jr.
(DA REDAÇÃO) – A acirradíssima eleição no Peru, disputada cabeça a cabeça, voto a voto, desde o primeiro instante é um reflexo do alto grau de polarização política que marcou toda a campanha eleitoral e a disputa que se instalou entre a sociedade peruana. De um lado a candidatura de Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, do partido Fuerza Popular; e de outro a do professor primário Pedro Castillo, do partido Peru Libre, protagonizaram uma verdadeira guerra de posições entre esquerda e direita. Isolado e sem representante, o centro perdeu seu centro de gravidade, motivando um alto índice de abstenção, votos em branco e nulos.
Representante do neoliberalismo e principal liderança do fujimorismo, Keiko fez uma campanha reavivando o fantasma do comunismo, “delírio” muito em voga na América Latina nos últimos tempo e que também marcou os discursos direitistas nas eleições no Brasil, Argentina e no golpe que tirou Evo Morales do poder na Bolívia. O discurso anticorrupção foi outro recurso de campanha de Keiko, embora seu pai esteja preso por corrupção e deva ser anistiado por ela em caso de vitória. Durante a campanha Keiko também tentou desmoralizar o processo eleitoral com o objetivo de tentar interditá-lo caso perdesse o pleito. Na reta final mudou o discurso e afirmou que respeitaria o resultado, fosse qual fosse.
O professor e líder sindical do magistério, Pedro Castillo, defende a nacionalização do gás, um maior papel do estado na gestão pública e a diminuição do fosso entre ricos e pobres no país. Contra ele não pesa nenhuma acusação ou processo judicial e sua principal base está no Peru profundo, de onde vem a maioria de seus votos entre trabalhadores e trabalhadoras das zonas urbanas e rurais mais pobres. Keiko tem seu principal apoio na classe média de Lima e arredores.
Com um total de 10.691,419 eleitores aptos a votar, apenas 8.331,453 compareceram às urnas representando um total de 77,927% de participação efetiva.
Só para se ter uma ideia do grande acirramento da disputa, com 93,314% das urnas apuradas e processadas, Keiko superava Castillo por 0,1 ponto de diferença. Ela com 50,05% e ele com 49,95%. Numa tendência que vem se verificando desde o início da contagem de votos, segundo a Oficina Nacional de Processos eleitorais (ONPE).
Quem ganhar vai levar para si um país e um Congresso divididos e extremamente polarizados. Se não tiver habilidade para costurar uma firme aliança nacional, vai manter o País na instabilidade que vive desde 2018, quando mudou de presidente quatro vezes.
PEDRO CASTILLO
O professor primário Pedro Castillo fez sua transição do magistério para a política em 2002, quando postulou pela primeira a Prefeitura de Anguía, pelo partido Peru Possível, atualmente dissolvido. Entre suas propostas, além de uma nova Constituição, defende reestruturar o sistema de pensões e nacionalizar o gás.
José Pedro Castillo Terrones nasceu em 19 de outubro de 1969, no povoado de Puña, província de Chota, Departamento de Cajamarca. Desde cedo descobriu a vocação de professor.
Durante sua juventude estudou educação primária no Instituto Superior Pedagógico Octávio Mata Contretaras de Cutervo e trabalha na instituição do casario de Puña, en Tacabamba, Chota, desde 1995 até os dias atuais, conforme sua ficha de inscrição eleitoral. Cojntra ele não pesa nenhuma processo judicial.
Em 20217, Castillo tornou-se conhecido por liderar a greve do magistério durante o governo de Pedro Paulo Kuczynski, em defesa do pagamento da dívida social aos professores, aumento dos salários e valorização da classe com capacitação prévia.
A carreira política de Pedro Castillo começou no ano de 2002 quando foi candidato à Prefeitura de Anguía. Em 2005 se tornou membro do Comitê de Cajamarca do Peru Possivel, uma militância que durou 12 anos, até em 2017, quando o agrupamento político foi cancelado e o partido dissolvido.
Em 2020, confirmou sua participação nas eleições presidenciais de 11 de abril de 2021 pelo Peru Livre, partido que tem em suas fileiras Dina Boluarte e o ex-governador regional de Junin, Vladimir Cerrón
KEIKO FUJIMORI
Keiko Fujimori Higuchi é filha do ex-presidente alberto Fujimori e da ex-primeira dama Susana Higuchi. Nasceu em Lima em 25 de maio de 1975. Concluiu a educação secundária em 1992, no Colégio Sagrados Corações Recoleta, assim como seus irmãos menores, Sachi, Hiro e Kenji.
Em 1993 viajou aos EUA para ingressar na Univerdade do Estado de Nova York em State Brook. Em 1977 completou seus estudos e licenciou-se com o título em administração de Empresa na Universidade Columbia, onde conheceu o norte-americano Mark Vito, com quem se casou e teve duas filhas.
Seus pais se divorciaram em 1994, depois que Higuchi acusou o presidente de tortura-la e tentar silenciá-la. Por causa da separação, Keiko assume o cargo de primeira-dama com apenas 19 anos de idade, convertendo-se na mais jovem primeira dama da história da América.
As acusações de corrupção e violação dos direitos humanos contra seu pai, que mais tarde o levariam à prisão, não detiveram sua carreira política e como herdeira assumiu a liderança do fujimorismo.
Nas eleições de 2006 fui a congressista mais votada e com a popularidade que mantinha postulou a presidência em 2011 enfrentando o nacionalista Ollanta Humala e o ex-presidente Alan Garcia.
Posteriormente, em 2016, se lançou candidata pelo partido Força Popular e foi a candidata mais votada no primeiro turno, no entanto, foi derrotada no segundo turno por Pedro Pablo Kuczynski.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular