Cidades

Prefeitura de Ipatinga nega remédios a bebê

Maria do Carmo luta na Justiça para conseguir os medicamentos do filho Emanuel, que tem problemas cardíacos   (Fotos: Nadieli Sathler)

 

IPATINGA – A vida do pequeno Emanuel Ricardo de Andrade, com apenas seis meses, corre sérios riscos caso a família não consiga obter, do poder público, a medicação necessária para amenizar os problemas cardíacos da criança.
A dona-de-casa Maria do Carmo Andrade, de 38 anos, soube aos quatro meses de gestação que o filho Emanuel tinha uma cardiopatia grave. Através de uma ultrassonografia morfológica, a doença foi detectada e a mãe encaminhada para tratamento em Belo Horizonte.
O bebê, acompanhado periodicamente por um pediatra da Santa Casa, na capital mineira, necessita tomar todos os dias seis tipos de medicamentos: Espirolactona, Digoxina, Captropil, Furosemida, Sulfato Ferroso e Fernobital.
Contudo, apenas duas substâncias foram fornecidas na Unidade de Saúde do bairro Esperança. Os remédios que precisam de manipulação especial, para serem dados a uma criança, foram negados pelo governo Robson Gomes (PPS).
“Fui até o posto e mostrei a receita e todos os laudos do médico do Hospital Santa Casa. Me informaram que não havia o medicamento na rede e simplesmente me negaram a fornecê-lo. É um absurdo uma Prefeitura que arrecada tanto dinheiro da população não poder comprar um remédio que custa R$ 600”, reclamou.
Depois do nascimento de Emanuel, a mulher não pode mais trabalhar para ajudar nas despesas de casa. O marido de Maria do Carmo trabalha fora mas o que ganha não é suficiente para fazer todas as despesas.

PRÉ-NATAL
Maria do Carmo relatou que toda a gestação foi feita pela rede municipal de saúde. Tanto que no momento em que foi detectado o problema em sua gravidez , ela foi encaminhada dentro do TFD (Tratamento Fora do Domicílio) para Belo Horizonte.
Emanuel nasceu no dia 8 de dezembro, com oito meses de gestação. O bebê prematuro necessitou ficar internado por 13 dias no CTI do hospital da capital. Ele recebeu alta em janeiro e quinzenalmente ia para Belo Horizonte para o acompanhamento com o cardiologista pediátrico, dentro do programa de TFD.
Em 13 de março Emanuel foi internado no Hospital Márcio Cunha com complicações no coração. Após passar seis dias na unidade hospitalar, ele foi transferido para a Santa Casa.
Maria do Carmo foi com o filho para a capital no dia 20 de março e, no dia seguinte, o menino sofreu uma parada cardíaca. O quadro clinico do bebê era delicado, com pneumonia nos dois pulmões.

CIRURGIA
“Quando ele foi transferido pedi que me deixassem levar um acompanhante, porque também estava doente. Minha mãe foi comigo, passamos momentos difíceis. Eles forneciam alimentação apenas para uma pessoa. Por isso eu almoçava e ela jantava, sobrevivíamos com apenas uma refeição”, detalhou.
Nessa segunda internação, Emanuel passou 45 dias internados, dos quais 35 dias na Centro de Tratamento Intensivo (CTI). A mãe contou que o filho teve várias infecções e contraiu uma bactéria que o impediu de passar por uma cirurgia.
“Depois de muito antibiótico, eles operaram o Emanuel no dia 13 de abril. Antes disso, ele teve duas convulsões. Os médicos fizeram uma Cercagem pulmonar para impedir que o sangue do coração dele passasse para o pulmão. Mas a cirurgia foi apenas um paliativo”, falou.

MEDICAMENTOS
Depois da cirurgia, o bebê recebeu alta e retornou para a casa da família, situada no bairro Esperança. Foi então que começaram os problemas para conseguir a medicação.
Maria do Carmo esteve na Unidade de Saúde no final do mês de abril e apresentou todos os laudos e receitas. Passou por avaliação do serviço social municipal e no começo de maio recebeu a notícia de que o município não forneceria os medicamentos.
Os familiares também foram à Gerência Regional de Saúde, em Coronel Fabricano, para solicitar as quatro substâncias restantes. Como resposta, eles receberam formulários para formalizar o pedido do medicamento, devendo o papel ser preenchido pelo pediatra da unidade de saúde.
“São tantos os impedimentos… Essa semana fomos à unidade de saúde com os formulários para o pediatra preencher. Mas no posto não tivemos acesso a médico e voltamos para casa indignados. É a vida de uma criança que corre risco”, pontuou a mãe.

LIMINAR
Para tentar amenizar o sofrimento da irmã, Charles Alessandro de Andrade, de 26 anos, protocolou na 2a Vara Federal, na última terça-feira (5), uma petição contra a União, Estado e Município pedindo o fornecimento dos remédios.
“Protocolei o pedido e em menos de 24 horas o juiz deu a decisão. Vamos agora aguardar a publicação. Meu sobrinho precisa desses medicamentos, esse mês quem comprou fui eu e minha mãe. Ainda ajudo comprando verduras e outras coisas”, contou.
A família orçou o medicamento em diferentes farmácias de manipulação em Ipatinga. Os custos variaram de R$ 400 a R$ 600 para um mês de tratamento.


Charles Alessandro conseguiu uma liminar na Justiça Federal que obriga a Prefeitura de Ipatinga a fornecer os remédios de que o sobrinho necessita

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com