quarta-feira, novembro 27, 2024
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Precisamos falar sobre fraude eleitoral

Bolsonaro quer voto impresso para tumultuar o processo e criar a fraude, porque ele é a própria fraude

(*) Fernando Benedito Jr.

Desde que foi expulso do Exército por tentativa de sabotagem, Bolsonaro foi eleito vereador no Rio de Janeiro de 1º de janeiro de 1989 a 1º de fevereiro de 1991. Saiu do baixo clero da Câmara do Rio para assumir seu lugar no baixo clero da Câmara dos Deputados, em Brasília, de 1º de fevereiro de 1991 a 1º de janeiro de 2019. Depois de um processo golpista que culminou com a deposição de Dilma Rousseff e a prisão de seu principal opositor, o ex-presidente Lula, numa campanha marcada pelas fake news, pelo discurso de ódio, pela destruição de reputações de pessoas e instituições, enfim, Bolsonaro foi eleito presidente.

Em 34 anos de vida pública, 2 de vereador, 28 de deputado federal e 4 de presidente, só agora resolveu questionar o voto eletrônico – para não dizer que não fez nada, embora tenha vivido bem e mansamente nas tetas do Estado por mais de três décadas. Um “bon vivant”.

A um ano e meio do fim de seu mandato, fez um governo pífio. Não desenvolveu nenhum programa social relevante, a política econômica é um desastre – alargou-se o fosso entre pobres e ricos, o PIB não se come, o desemprego segue recorde e a inflação galopa – e promoveu o maior genocídio já visto na história do povo brasileiro. Em sua gestão floresceu o ódio, o desmatamento atingiu proporções amazônicas, o racismo ganhou contornos de política de governo, a violência policial tornou-se política de Estado, o feminicídio e a desumanidade foram encorajados.

DISCURSO DE PERDEDOR

Diante do cenário devastador, não resta à extrema direita outra opção senão fazer o que faz bem: golpear as instituições do Estado democrático de direito, aniquilar sua credibilidade e reputação para depois tentar se manter no poder a qualquer custo, mais ou menos como fizeram na Bolívia e, no caso mais recente, como tentaram fazer nos EUA, com a invasão ao Capitólio. São nestes piores exemplos que se mira Bolsonaro. Também é este artifício que sustenta o discurso de Keiko Fujimori, no Peru, embora tivesse dito que acataria o resultado das urnas, no caso, manual.

O discurso da fraude eleitoral é o recurso dos perdedores.

Em todas as pesquisas de opinião feitas no Brasil, Bolsonaro perde no segundo turno. Na última, feita pelo Poder Data, perde para Lula, Doria e Ciro. Nas pesquisas DataFolha, perde de balaiada. Claro, o pleito está longe e muita coisa por ocorrer. O melhor dos mundos seria Bolsonaro nem chegar ao 2º turno. Indubitavelmente, teríamos uma eleição tranquila e um País melhor.

PREFERÊNCIA DO ELEITOR

Conforme pesquisa do instituto Datafolha sobre o que seria melhor, se o Brasil continuar usando urnas eletrônicas nas eleições ou voltar a usar o sistema de votação em papel, como era antes das urnas eletrônicas, a maioria 73% disse preferir que o país siga usando o sistema atual, e 23% defendem a volta ao modelo anterior, com votação em papel, e há 4% que não opinaram.

Mesmo na parcela que aprova o governo Bolsonaro, 64% preferem a votação por urnas eletrônicas, e um terço (32%) defende a volta à votação em papel.

Se o Congresso aprovar o retrocesso, o Senado referendar, o STF e o TSE julgarem apropriado voltar atrás, ainda será necessário operacionalizar o atraso por cerca de R$ 2 bilhões. Será preciso comprar impressoras a serem adaptadas às urnas eletrônicas de todo o País, ajustar a tecnologia, testar e colocar em operação. Tudo isso para que o cidadão tenha em mãos um papel que confirma fisicamente o que ele acabou de fazer eletronicamente. Se ele propositalmente, para criar caso, votar em Lula e disser que votou em Bolsonaro, mas que foi roubado, pronto está criada a celeuma. Paralisa-se o pleito, a contagem e está feita a confusão. É isso que Bolsonaro quer. Ele quer a fraude, porque ele é a própria fraude. E também porque antecipa-se ao que virá e que já não é mais segredo para imensa maioria do povo brasileiro.

(*) Fernando Benedito Jr é editor do Diário Popular.

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