(*) Chico Simões
Sabemos que o dinheiro federal vindo do desastre de Mariana foi liberado pra saúde, quem escolheu o objeto, HOSPITAL DIA, foi o consórcio intermunicipal de saúde.
Pra mim, isto é um risco de nada resolver.
Hospital dia não é uma entidade autônoma, é como uma ala de um hospital geral existente.
Em Belo Horizonte temos um Hospital Dia ligado ao HOSPITAL ODILON BHERING e outro na Faculdade de Ciências Médicas ligado ao HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CIÊNCIAS MÉDICAS.
No HOSPITAL DIA, o paciente não tem acesso direto ao seu serviço, recebe encaminhamentos da secretaria de saúde.
Aqui na região, correremos o risco de não diminuir a fila de cirurgia conforme desejado, pois a enorme fila das cirurgias é à espera de cirurgia de hérnia, vesícula, cálculo renal, histerectomia, menisco e outras cirurgias ortopédicas.
Estas cirurgias só terão um pós operatório de 12h, conforme determinação do HOSPITAL DIA, se forem feitas por endoscopia, técnica não dominada por todos os profissionais médicos.
Além destas cirurgias citadas, temos na fila, cirurgias de adenoide a amigadas que não precisam de endoscopia. Estas só não são feitas porque não temos profissionais com disposição de realizá-la pelo SUS.
Casos clínicos que necessitam de 12h de internação são muito poucos.
Exames também são poucos pra termos de ter um HOSPITAL DIA com esta finalidade.
O problema no Vale do Aço é o reduzido número de leitos hospitalares, hospitais poucos equipados e ausência de profissionais dispostos a trabalhar pra resolver os casos de baixa e média complexidade hospitalar.
Este recurso, a meu ver, seria melhor aplicado em um HOSPITAL GERAL em Santana do Paraíso.
Com mais recurso que está vindo do desastre de Mariana, investir para equipar e aumentar o número de leitos nos 3 hospitais públicos já existentes, em Timóteo, Fabriciano e Ipatinga.
Equipar um destes hospitais para atender os casos de alta complexidade da região.
Para atendimento de média complexidade, cada hospital se responsabilizaria por uma especialidade, pediatria, cirurgia, ortopedista, etc.
Todos atenderiam a baixa complexidade.
Para concluir, criar um modelo de remuneração digna aos profissionais médicos, que garanta a realização das cirurgias e demais procedimentos médicos, diminuindo assim os encaminhamentos de paciente pra fora da nossa região e diminuir a enorme fila de espera que hoje temos na saúde pública do região.
Pelo que se fala, iremos ter dinheiro para o custeio da saúde através do rendimento de um fundo perpétuo de 8,4BI, também oriundo do desastre de Mariana.
Este desastre que ceifou vidas pode, agora, ser reparado salvando vidas. É o que espero.
(*) Chico Simões é médico e vereador de Coronel Fabriciano.