Cidades

Políticos da região aparecem em lista apreendida pela Lava Jato

O juiz Sérgio Moro decidiu ontem colocar em segredo de Justiça os documentos apreendidos em uma busca da Polícia Federal na casa de um dos executivos da Odebrecht: lista vazou para a imprensa  (CRÉDITOS: Marcos Bezerra/ Futura Press/Estadão Conteúdo)

 

DA REDAÇÃO– Dois políticos da região do Vale do Aço aparecem na lista de documentos apreendidos pela Polícia Federal como beneficiários de possíveis repasses da Odebrecht Infraestrurua. A relação contém mais de 200 nomes de políticos de cerca de 20 partidos.

Entre os nomes citados estão o do ex-deputado federal Alexandre Silveira (PSD) e do coronel da reserva da Polícia Militar, Sandro Teatini, que chegou a ser comandante da PM no Vale do Aço e disputou as últimas eleições para vereador. As doações foram feitas em 2012, nas campanhas municipais, e em 2014, no pleito presidencial. Os papéis foram apreendidos durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”. Até o encerramento desta edição nenhum dos dois políticos havia sido encontrado para falar sobre o assunto.

Em nível estadual, aparecem na lista os nomes do senador Aécio Neves, presidente do PSDB, do prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB) e do atual Ministro do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias (PT).

OPERAÇÃO
As informações vazaram na manhã desta quarta-feira (23) em um blog hospedado no UOL. As planilhas estavam com Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura. Os papéis foram apreendidos durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Acarajé”, em fevereiro. A lista cita políticos da oposição e do governo que receberam repasses da empreiteira. Nos documentos, não há juízo sobre a legalidade dos pagamentos. A construtora é uma das maiores doadoras de campanhas a políticos no Brasil.

SIGILO
Após a lista de pagamentos aos políticos ser veiculada em toda imprensa nacional, o juiz federal Sérgio Moro decidiu colocar a relação em segredo de Justiça. A medida foi tomada pelo magistrado após a relação ter sido anexada no processo sobre as investigações nesta fase da operação. Na justificativa, o magistrado disse que ainda era “cedo” para analisar a procedência das doações.

“Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. O referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos, mas ainda é prematuro tirar conclusões sobre a finalidade destes pagamentos”, argumenta o juiz.
Outro argumento usado por Moro para colocar a lista em segredo de justiça é que nela contém nomes de políticos que tem foro privilegiado por prerrogativa de função, e que só podem ser processados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“De todo modo, considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do MPF para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao STF para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado”, decidiu Moro.


Planilha: Aparecem na relação os nomes do ex-deputado Alexandre Silveira e do coronel aposentado Sandro Teatini

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