TIMÓTEO – A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar um grupo que vinha atuando em todo o Vale do Aço na venda de carteiras de habilitação falsas. Cerca de 60 pessoas teriam sido lesadas pelo bando, que agia desde o início deste ano.
Denúncias anônimas deram à polícia as primeiras informações sobre a ação do grupo. Segundo o delegado Gilmaro Alves, responsável pelo inquérito, há duas semanas foi expedido um mandado de busca e apreensão para a residência de um dos suspeitos, onde foram encontradas diversas cópias de documentos de terceiros.
Em uma segunda casa situada em Timóteo, os investigadores também apreenderam cópias de documentos, além de provas de legislação falsificadas e envelopes supostamente expedidos pelo DETRAN. Foram apreendidas ainda duas Carteiras Nacionais de Habilitação que estão sendo submetidas a exames periciais. Na última terça-feira (8), um dos investigados foi ouvido na delegacia de Timóteo. Luiz Gustavo de Paula Martins, de 25 anos, assumiu participação no golpe e deu detalhes do esquema.
O suspeito declarou que desde o início deste ano participa do esquema de venda de carteiras falsas juntamente com dois colegas. Além de Timóteo, o grupo teria atuado em cidades como Belo Horizonte, Jaguaraçú, Córrego Novo, Pingo D’água, Ipatinga e Coronel Fabriciano.
O GOLPE
A fraude do grupo consistia em aliciar pessoas leigas, oferecendo a elas carteiras de habilitação facilitadas. Para adquirir a confiança das vítimas, os golpistas chegavam a se passar por pastores evangélicos.
Cada CNH era comercializada por valores entre R$ 1.500 e R$ 3 mil e a pessoa interessada deveria pagar metade do preço combinado como entrada. O grupo falsificava provas de legislação que eram aplicadas aos candidatos, dando assim credibilidade à fraude. Os “candidatos” apenas assinavam as provas, sob a promessa de que essas avaliações seriam feitas posteriormente por examinadores, garantindo assim a aprovação no exame.
No carro de um dos suspeitos, os policiais encontraram três envelopes com os dizeres da Polícia Civil, bem como três provas de legislação falsificadas de forma grosseira e já devidamente assinada pelas vítimas.
No veículo, foi localizada ainda uma carteira de habilitação em nome de uma mulher, que teria pago a quantia de R$ 900 pelo documento, cópias de documentos de duas pessoas e o comprovante de endereço de uma mulher que teria dado um cordão de ouro e um som automotivo como pagamento.
LUCRATIVO
Luiz Gustavo contou ao delegado Gilmaro que ele e os comparsas venderam cerca de 60 promessas de habilitações, o que resultou em um lucro de, aproximadamente, R$ 100 mil, valor dividido entre os três participantes do esquema.
Segundo o suspeito, o grupo vendeu promessas de carteiras até mesmo para traficantes do bairro Cachoeira do Vale. Luiz afirmou que o grupo praticava as falsificações porque pensava que o golpe não caracterizava estelionato e que só conseguiu dar continuidade devido à ambição das pessoas em conseguir as coisas de modo fácil.
O suspeito também alegou que ele e os comparsas nunca disseram para as vítimas que as carteiras eram verdadeiras. Segundo ele sempre foi afirmado que se tratavam de documentos facilitados e que poderiam não ter também prontuários.
OUTROS ENVOLVIDOS
Além dos três suspeitos, mais pessoas estão sendo investigadas. Outros quatro envolvidos no golpe são procurados pela polícia sendo que quatro já foram identificados, restando a identificação de dois outros indivíduos. As pessoas que compraram as carteiras também poderão ser investigadas futuramente, mas a polícia trabalha, a princípio, com a hipótese de que elas tenham sido enganadas. Nesta quarta-feira (9), Gilmaro Alves solicitou que as pessoas lesadas pelo bando procurem a delegacia de polícia de Timóteo.
O grupo está sendo investigado e poderá ser indiciado por quatro crimes: estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica e formação de quadrilha.
Avaliações falsificadas de forma grosseira com assinatura das vítimas da fraude
