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Polícia Civil pede encerramento do caso Rodrigo Neto

IPATINGA – Após exatos três anos, o caso do assassinato do jornalista Rodrigo Neto foi encerrado pela Polícia Civil. Nesta segunda-feira (7), o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Belo Horizonte remeteu o inquérito complementar ao Ministério Público de Ipatinga pedindo, inclusive, o arquivamento do caso.

O repórter investigativo foi executado a tiros no dia 8 de março de 2013, quando saía de um churrasquinho no bairro Canaã. Um ex-policial civil e um falso investigador foram condenados pelo crime. No entanto, a motivação e o mandante não foram elucidados.

O delegado Emerson Morais, responsável pelas investigações, entendeu que após todas as diligências possíveis não há, por ora, qualquer outra medida capaz de permitir a elucidação da motivação e possível mando do crime. “Não há nos autos qualquer elemento mínimo capaz de demonstrar os indícios de motivação e o possível mandante. Assim sendo, na hipótese de prosseguimento das investigações, é pouco provável que a polícia tenha êxito na elucidação completa frente à ausência de fontes”, disse o delegado.

CEGOS, SURDOS E MUDOS
Ainda segundo o delegado, o passar dos anos tende a frustrar as diligências investigativas, soterrando as provas que estariam à disposição da Polícia Civil desde à época em que Rodrigo foi assassinado.

“Durante todo este tempo, pouco ou nada avançou no que diz respeito ao mandante e motivação. As pessoas, infelizmente, têm medo de apontar o autor ou um suspeito. Se estavam presentes, negam, se viram, dizem que não enxergaram; se ouviram, juram que foi por comentários e por “ouvir dizer”. Enfim, aliada à dificuldade estrutural e logística da Polícia Civil, está a descrença da população na Justiça e o medo de sofrer represálias, que são mais efetivas que a prisão dos bandidos, lamentavelmente”, considerou Emerson Morais, acrescentando que a intimação de testemunhas que não presenciaram o delito em nada vai auxiliar na elucidação do caso.

Ao fim do relatório, o delegado destaca que as investigações poderão continuar frente a novas provas, e pede ao Ministério Público o arquivamento do caso. “Assim, o inquérito policial deve ser arquivado por ausência de elementos referentes aos indícios de autoria, até o surgimento de novas provas”, finalizou o policial.

MP
Na tarde passada a reportagem do Diário Popular conversou com o promotor do caso Francisco Ângelo Silva Assis. Ele informou que ainda irá analisar o pedido da Polícia Civil sobre o arquivamento do caso. O promotor disse que a última vez que viu o inquérito, há cerca de oito meses, não conseguiu vislumbrar nenhuma prova contundente para apontar um autor, assim como a motivação.

“Enquanto o caso não é prescrito, 20 anos para homicídio, ele é passível de ser investigado. Um arquivamento como este é provisório, mas ainda irei analisar o pedido da polícia, e caso seja necessário pode ser que a gente peça alguma diligência específica”, disse o promotor.

Durante julgamento de um dos condenados pela morte do jornalista, Francisco Assis chegou a apontar nomes de pessoas que possivelmente estariam envolvidas como supostos mandantes no homicídio. Entre elas, militares e policiais civis.

O promotor não descarta também a possibilidade de que o assassinato do policial militar Amarildo Pereira de Moura, ocorrido em fevereiro de 2013, tenha sido o “start” para arquitetar o plano da morte do jornalista. “Tenho alguns suspeitos, mas não consegui ainda provar nada sobre estes nomes finais dos quais eu desconfio”, disse.


Emerson Morais: “É pouco provável que a polícia tenha êxito na elucidação completa frente à ausência de fontes”

DESDOBRAMENTO
Após a morte do jornalista Rodrigo Neto, o fotógrafo freelancer Walgney Carvalho acabou sendo assassinado. A motivação seria porque Carvalho teria dito que “ninguém jamais saberia quem matou Rodrigo Neto”. O fotógrafo foi assassinado em um pesque-pague no bairro São Vicente em Coronel Fabriciano. À época, o DHPP apontou que o autor do homicídio era o mesmo que tinha matado Rodrigo.

CONDENAÇÕES
O falso policial Alessandro Neves Augusto e o ex-detetive da Polícia Civil de Ipatinga, Lúcio Lírio Leal, foram os únicos condenados pela morte de Rodrigo Neto. No dia 28 de agosto de 2014, Lúcio foi condenado a 12 anos de prisão pela participação no assassinato. Conforme as investigações da PC, ele traçou a rota de fuga para o assassino de Rodrigo, o falso policial “Pitote”.

Quase um ano depois, Alessandro Neves, o ‘Pitote’ foi condenado a 12 anos pela morte do jornalista e mais quatro anos e quatro meses por uma tentativa de homicídio contra um amigo do repórter que estava com ele no dia do crime. Para a polícia e promotoria, o acusado estava na garupa de uma moto, pilotada por uma pessoa que não foi identificada, e ao ver o jornalista efetuou disparos à queima-roupa.

Em agosto do ano passado, “Pitote”, também acusado pela morte do fotógrafo Walgney Carvalho, acabou sendo condenado a 14 anos e três meses de prisão.


O promotor Francisco Ângelo disse que ainda irá analisar o pedido da polícia, e caso seja necessário poderá pedir alguma diligência específica

MESMA ARMA
Provas colhidas durante as investigações apontaram que o falso policial matou o fotógrafo como queima de arquivo, já que Carvalho teria espalhado, à época do assassinato de Rodrigo, que ninguém jamais saberia quem matou o repórter.

A prova que pôs fim a qualquer dúvida de que o assassino de Rodrigo e Carvalho ser o mesmo foi o exame de microbalística. Segundo a PC, “Pitote” usou a mesma arma para matar o repórter e o fotógrafo, isto porque a bala retirada do corpo de Walgney tinha micro ranhuras compatíveis com a bala retirada do corpo de Rodrigo Neto.

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