Policia

PC troca de comando e afirma que policiais mataram Rodrigo Neto

O delegado Cylton Brandão durante coletiva em que anunciou as trocas de delegados    (Crédito: André Almeida)

IPATINGA – O chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Cylton Brandão da Matta, esteve nesta sexta-feira (19) na região e anunciou mudanças no alto escalão da segurança do Vale do Aço. A delegada Irene Franco assume a função de delegada regional de Ipatinga no lugar de Gilberto Simão de Melo. O delegado-corregedor Elder Dângelo substitui José Walter da Mota Matos na chefia do 12º Departamento, que coordena o trabalho de seis delegacias regionais: Ipatinga, João Monlevade, Itabira, Caratinga, Manhuaçu e Ponte Nova. Juntas, essas regionais comandam a Polícia Civil em 97 municípios.

NOVA FACE
De acordo com Cylton, essas alterações têm por objetivo dar uma nova cara à Polícia Civil no Vale do Aço. “Os dois delegados que estão saindo deixam os cargos com mérito, mas a chegada dos novos chefes vai marcar uma nova fase da Polícia nesta região. A vinda do delegado-corregedor, mesmo que interinamente, dá a dimensão das mudanças que estamos fazendo e sinaliza claramente a nova fase que estamos iniciando”, pontuou.

INVESTIGAÇÕES
As trocas e a presença de Dângelo no Vale do Aço, entretanto, podem representar um avanço nas investigações do assassinato de Rodrigo Neto, morto no dia 8 de março por dois homens em uma moto no bairro Canaã. O crime ainda segue em apuração, mas durante entrevista coletiva na tarde de ontem, o chefe da PC mineira afirmou que há policiais entre os suspeitos da execução e que o crime pode ter sido cometido tanto por agentes da Polícia Civil, quanto da Militar.

O chefe da PC disse também que as investigações sobre a morte do radialista estão correndo de forma avançada e que em breve será possível dar uma resposta a contento para a população. O inquérito corre em sigilo, mas Cylton deu pistas de algumas das linhas investigatórias que a polícia vem seguindo: “Novidades nas investigações estão atacando na raiz problemas antigos e causadores de intranquilidade para a população”, afirmou.

TRANQUILIDADE
Cylton Brandão aproveitou a oportunidade e a presença de dezenas de profissionais da imprensa para garantir aos jornalistas do Vale do Aço que o exercício da profissão de “forma livre e soberana” não pode ser ameaçado. “Nunca recebemos nenhum pedido de proteção para jornalistas. Mas se algum profissional achar necessário pode procurar nossos policiais aqui, podem me acionar em Belo Horizonte, estamos à disposição. Vamos tomar as providências e acionar também a estrutura que o governo do Estado dispõe, junto à Secretaria de Desenvolvimento Social, para proteger testemunhas”.

CARVALHO
Conforme noticiado na edição da última quinta-feira (18) pelo DIÁRIO POPULAR, o chefe da Polícia Civil confirmou que o deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa Durval Ângelo (PT) informou à Corregedoria da Polícia Civil que o repórter fotográfico Walgney Carvalho, morto no domingo passado, corria risco de vida. “O comunicado foi feito ao delegado Antônio Gama e ele, imediatamente, acionou a nossa equipe aqui em Ipatinga. Carvalho foi ouvido, disse que não se sentia ameaçado e que não precisava de proteção. Isso está nos autos e assinado por ele”. A polícia não confirma que haja neste caso ligação com o assassinato de Rodrigo Neto, embora não descarte esta hipótese. “Não podemos descartar qualquer linha de investigação, mas em breve teremos em mãos elementos capazes de nos ajudar nas apurações. Toda a sociedade vai saber do que se trata nos próximos dias”, prometeu Cylton.

DELEGADOS
Pela manhã, Cylton Brandão se reuniu com os delegados da cidade e também do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de Belo Horizonte, que estão em Ipatinga à frente de uma força-tarefa criada para apurar as causas da morte dos repórteres Rodrigo Neto e Walgney Carvalho e de outros 12 inquéritos antigos que foram reabertos e que podem ter ligação com as execuções dos jornalistas.

RESPOSTAS
Após a entrevista coletiva, o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais esteve na redação do Jornal Vale do Aço. Ele foi a primeira autoridade a visitar a empresa de comunicação, formada ainda pela Rádio Vanguarda, onde trabalhavam os jornalistas assassinados. No encontro estavam integrantes do Comitê Rodrigo Neto, formado para acompanhar as investigações.

“Os jornalistas e a sociedade podem ter certeza que daremos repostas contundentes a esses casos. Temos aqui uma equipe especializada que já solucionou inclusive crimes federais, como a chacina de Unaí. Defendemos a liberdade de imprensa, defendemos o livre exercício da profissão. A sociedade e, em particular, as polícias, precisam contar sempre com a imprensa livre e democrática e é para garantir essa condição que em breve teremos novidades”, assegurou.

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