Parque é reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera de Mata Atlântica e sítio Ramsar pela Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional
Foto: O Parque Estadual do Rio Doce preserva quase 36 mil hectares de Mata Atlântica – Créditos: Divulgação
MARLIÉRIA – O Parque Estadual do Rio Doce (Perd) celebra nesta sexta-feira (14) seu 79º aniversário de criação. A Unidade de Conservação foi instituída por meio do Decreto-Lei nº 1.119 de 14 de julho de 1944, sendo o primeiro parque criado pelo Estado de Minas Gerais. Com quase 36 mil hectares preservados, o Perd é o maior ecossistema contínuo de Mata Atlântica do estado e abriga importante biodiversidade.
Apesar da criação ter sido oficializada em 1944, a história do Parque começou em 1931, quando o então arcebispo de Mariana, Dom Helvécio, visitou a região e vislumbrou a necessidade de preservação da área. A partir dessa visita, o líder religioso passou a mobilizar autoridades governamentais para que a área fosse protegida legalmente.
VANGUARDA
Para o gerente da Unidade de Conservação, Vinícius Moreira, o Perd tem caráter vanguardista e, por isso, carrega consigo grande relevância no Brasil. “Esse protagonismo coloca o Parque em um lugar de responsabilidade, como também de muitos resultados e contribuições para a conservação da biodiversidade no estado e no país. Minas Gerais contribuiu muito para a implementação das áreas protegidas no país ao criar o Perd, em um momento que pouquíssimo se falava em conservação da natureza”, afirma Vinícius.
RESERVA DE BIOSFERA
Dada os seus recursos naturais específicos, o Parque é reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera de Mata Atlântica e sítio Ramsar pela Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional.
Biodiversidade do Perd
Mais de 1.400 espécies de flora e 940 de fauna já foram registradas no Perd, algumas endêmicas da região e outras ameaçadas de extinção. Entre as espécies arbóreas ameaçadas estão: jacarandá-caviúna (Dalbergia nigra), braúna-preta (Melanoxylon brauna) e canela-sassafras (Ocotea odorifera). O Perd também é lar de espécies de fauna ameaçadas de extinção como: muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), tatu-canastra (Priodontes maximus), onça-pintada (Panthera onca) e a surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta). Dentre as espécies registradas no Parque, mais de 340 são de aves, 85 de anfíbios e répteis, e quase 50 espécies de peixes nativos da bacia do Rio Doce.
PESQUISAS
Com tanta riqueza na fauna e flora, o Perd recebe pesquisadores desde a década de 1970. A Unidade de Conservação foi um dos primeiros sítios do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), inaugurado em 1999. Atualmente, o grupo de pesquisadores autodenominado Unidos do Perd reúne relevantes projetos de pesquisas de caráter continuado. Os principais projetos desenvolvidos atualmente no Perd são: Projeto Tatu-Canastra; Projeto Primatas Perdidos; Projeto Carnívoros do Rio Doce; Projeto Harpia; e Projeto Bicudo.
O gerente da Unidade de Conservação ainda pontua que o fortalecimento à pesquisa seja um dos principais legados do Perd. “A geração de conhecimento por meio da pesquisa científica é uma das maiores contribuições para sociedade. Acredito que dois elementos contribuem para isso: riquíssima biodiversidade, com espécies raras; e completa infraestrutura com centros de pesquisas, alojamentos e outros recursos materiais que reúnem requisitos para o fomento à pesquisa científica”, detalha Vinícius.
VISITAÇÃO E TURISMO
O Parque Estadual do Rio Doce possui ampla estrutura para apoio ao turista. A sede da Unidade de Conservação conta com o Centro de Visitantes, Mirante, Alojamentos para hospedagem, área de camping e churrasqueira, além de restaurante, prainha do lago Dom Helvécio, entre outras estruturas.
Para aqueles que gostam de aventura, são mais de 100km de trilhas, travessias e estradas, com a possibilidade de conhecer as várias paisagens dentro do Parque, desde matas fechadas, áreas alagadiças e os diferentes estágios de desenvolvimento da floresta. Atualmente, o Perd conta com condutores credenciados para guiar os turistas nos diversos trajetos que podem ser feitos no interior da Unidade de Conservação. Veja a lista completa em https://linktr.ee/periodoce.
Pela ampla variedade de aves e espécies raras encontradas em seu território, o Parque tem se consolidado como um dos principais pontos de observação desses animais em Minas Gerais e no Brasil. Entre as aves emblemáticas avistadas no Perd estão o pica-pau-dourado-grande (Piculus polyzonus), jacu-estalo (Neomorphus geoffroyi dulcis) e o bicudo (Sporophila maximiliani).
GESTÃO DO PERD
Em 79 anos de criação, a gestão do Perd passou por melhorias e modernização por meio das políticas públicas instituídas legalmente. O gerente do Parque ainda reflete que o Perd é uma experiência exitosa no âmbito das unidades de conservação do Brasil.
“O Parque evoluiu substancialmente na sua gestão, seja compreendendo e catalisando mais força do seu entorno para que pudesse de fato ter uma gestão participativa, instituindo o primeiro conselho consultivo de unidade de conservação em Minas Gerais, e implementando políticas contidas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). O Parque é uma experiência bem sucedida de implementação de unidade de conservação no Brasil. Há desafios importantes, mas ao longo dos anos o Instituto Estadual de Florestas – IEF tem criado políticas públicas eficazes para que esta joia rara seja salvaguardada”, avalia Vinícius.
Em 2021, o Instituto Estadual do Florestas – IEF estabeleceu parceria com o Instituto Ekos Brasil, por meio do Termo de Parceria n.º 51/2021, com o objetivo de apoiar às ações de consolidação do Parque Estadual do Rio Doce. O termo foi firmado após o Acordo de Cooperação celebrado entre IEF e Fundação Renova em detrimento do rompimento da barragem de Fundão, em 2015. O total do investimento previsto pelo Governo de Minas Gerais para a parceria é de R$ 21 milhões.
Com este instrumento, estão em desenvolvimento diferentes ações em sete áreas temáticas, sendo elas: Operacionalização e Manutenção do PERD; Fortalecimento da Gestão; Uso Público e Educação Ambiental; Fortalecimento da Proteção do PERD; Fortalecimento de pesquisas; Fortalecimento da comunicação e Regularização fundiária do PERD.