Neuropediatra Marcone Oliveira, referência na região, foi convidado a expor as razões médicas científicas da importância de manter as crianças na escola
IPATINGA – “Atendo a uma média de duas a três crianças que tentam suicídio em meu consultório todo ano. Em 2020, esse número dobrou para seis atendimentos”, essa foi uma das afirmações do neuropediatra Marcone Oliveira na Câmara de Ipatinga, na tarde desta segunda-feira (08) em reunião com os vereadores, que têm debatido incansavelmente a volta às aulas, propostas pelo município.
Os parlamentares querem pesar os prós e contras deste retorno e avaliar os aspectos que envolvem a volta dos estudantes, que não têm aulas presenciais no município desde março de 2020, quando a pandemia do novo coronavírus chegou no Brasil. Nesta tarde, eles ouviram os argumentos técnicos do ponto de vista neurológicos das crianças típicas e atípicas (especiais).
O médico tem defendido o retorno das crianças às aulas presenciais, desde que observadas às regras sanitárias e a segurança tanto dos alunos, como dos professores. A alegação do profissional é a observância do aumento de agressividade, impulsividade e depressão das crianças.
Segundo ele, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem feito uma busca científica para obter respostas por meio dos estudos surgidos em 2020. “Os cientistas entenderam que a criança não é o maior transmissor do coronavírus e nem tampouco a escola é a principal fonte de transmissão, quando se considera os padrões sanitários nas unidades de ensino; porque falando cientificamente, o vírus precisa de um receptor inflamatório para entrar no corpo e se desenvolver e, a criança não tem esse receptor inflamatório, então ela tem menos capacidade de se infectar e quando se infecta, pouco transmite”, disse o doutor Marcone.
A esta situação, ele deixa bem claro que crianças que pertencem a grupos de riscos ou que as famílias não se sintam confortáveis, “bem como os professores de grupos de riscos, não devem estar na escola”.
Já quanto aos malefícios da falta de escola, ele pontua o atraso do desenvolvimento cognitivo, a perda nutricional para os estudantes que têm poucos recursos para se alimentar, os sintomas do comportamento como depressão ansiedade e estresse tóxico – que é aquele caracterizado pelo stress que a criança tem dificuldade de regular, “principalmente as crianças com problemas cognitivos, TDHA e autismo”, reiterou.
“Não voltar às aulas é tirar a oportunidade das crianças. É por conhecer a importância dos professores tanto cognitivo como comportamental na vida dos estudantes é que reitero a importância de manter as crianças na presença dos professores e minha defesa é pela volta no sistema híbrido”, frisou.
A vereadora Cida Lima (PT), que é vice-presidente da Comissão Permanente de Educação ponderou a importância de urgente vacinação nos professores e demais servidores das unidades escolares. “Ainda defendo que a Câmara, enquanto Poder Legislativo, cobre do Executivo um plano bem elaborado de vacinação e fiscalizasse sua implementação”, disse a vereadora.
Durante a reunião, os vereadores levantaram algumas preocupações referentes a contaminação da Covid-19.
Os parlamentares citaram sobre as condições do transporte público, que com a volta às aulas, acaba recebendo um maior número de usuários, consequentemente, aumentando o risco de contágio. Eles também indagaram quanto a fiscalização do uso de máscaras e distanciamento nas salas, e outras questões relacionadas à saúde das crianças e dos trabalhadores.
“Nossa preocupação é com o retorno seguro das aulas. Ouvimos do neuropediatra Marcone Oliveira, que as crianças não são tão propícias a disseminação da doença e isso já é um tranquilizador. Mesmo assim, precisamos batalhar para inclusão dos professores no plano da vacinação para garantir ainda mais a segurança da comunidade escolar e de todos os familiares”,defenderam os vereadores.