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Operando com 15% da capacidade, Usiminas Mecânica luta para sobreviver

IPATINGA – Uma das principais empresas do setor metal-mecânico do País, a Usiminas Mecânica tem em seu portfólio uma enormidade de obras colossais espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, que vão desde fábricas, silos, peças estruturais de aço para navios, submarinos e pontes, é atualmente uma pálida lembrança de seu passado recente quando empregava cerca de 6 mil funcionários, até meados dos anos 2000. Atualmente tem apenas 900 e opera com 15% da sua capacidade. A crise, entretanto, não enverga o peso de sua engenhosa capacidade produtiva e, tampouco, das esperanças de que em breve saia do fundo do poço onde se encontra. Numa rápida visita ao pátio da empresa pode-se constatar que é baixa, quase inexistente, a demanda por seus produtos. O pátio vazio e o silêncio das máquinas paradas é sintomático de uma crise econômica que parece desdenhar de toda aquela potencialidade.

EQUILIBRANDO PRATOS
Para o diretor executivo da Usiminas Mecânica Heitor Takaki, a empresa que já foi a mais importante subsidiária da Usiminas opera com um índice muito baixo em relação ao seu potencial. Mas esta situação também é vista como uma conseqüência da série de medidas adotadas para superar a crise. “Isso representa um esforço muito grande para que a gente possa equilibrar os resultados, um esforço muito grande para reavaliar todos os nossos custos fixos. Todos os custos que são possíveis serem transformados em custos variáveis, como renegociações de contratos, energia elétrica, seguro de fábrica, enfim, todo o arcabouço que gera os custos que aparentemente nós não temos condições de reduzir, nós estamos fazendo. Foi um grande esforço ao longo deste ano”, diz o CEO da Usiminas Mecânica.
Sem dourar a pílula, Takaki avalia que a situação hoje é que a economia está no fundo do poço, mas com um panorama de viés de melhoria a médio prazo. “Hoje temos uma visão um pouco mais alongada da nossa carga, ainda baixa, mas temos uma visão de que em 4 a 6 meses poderá melhorar, diferente de quando amanhecemos o ano, quando tínhamos apenas dois meses de visão. Hoje temos 6 meses de visão de carga que é para nós muito melhor do que quando começou o ano”.

LAVA JATO
Para Heitor Takaki a paralisia das grandes obras no País, em decorrência da Operação Lava Jato e das delações premiadas, que atingiram os principais clientes da Usiminas Mecânica, como a Petrobras, Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS, etc, tem grande impacto na atual situação da empresa de bens de capital.
“A nossa expectativa é que ainda teremos movimentos políticos e delações da Lava Jato que podem influenciar o setor econômico novamente, como ocorreu em abril. E isso de forma geral [não especificamente em relação ao setor de petróleo e gás, por exemplo]. Quando se fala nas delações de abril, quando se fala da delação da JBS em abril, toda a cadeia de mercado, todos os meios de produção foram paralisados, paralisou-se todos os empreendimentos. Hoje temos o cenário que isso possa ser mais difícil de acontecer, mas ainda há uma temor de que a instabilidade possa gerar um impacto negativo na economia”.

CONTEÚDO LOCAL
Indagado se as políticas de conteúdo local das empresas tiveram alterações em razão das mudanças na política econômica do governo Temer, Heitor Takaki disse que a Usiminas Mecânica sofreu os reflexos, mas não de forma isolada. “O conteúdo local adotado pela Petrobras, especificamente, nas suas encomendas, vem caindo e ainda existe uma grande briga entre as entidades, como a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Realmente a política foi mudada e isso tem um impacto não somente na Usiminas Mecânica, mas para todo o mercado de bens de capital e para a indústria local”.

FERROVIAS
A falta de investimentos no setor ferroviário também atingiu a empresa em cheio. “A crise no setor ferroviário por seu turno impacta diretamente a UMSA porque há dois anos estamos com a unidade de Congonhas [fábrica de vagões ferroviários] fechada em função da baixa no setor ferroviário que tinha uma grande expectativa e foi frustrada com a extração do minério, que teve uma queda vertiginosa nos últimos anos e fez com que o setor de transporte, de logística, também diminuísse. Com isso o setor ferroviário ficou estagnado e volta agora, devagarinho, mas com as empresas ferroviárias voltando a atenção para o agronegócio”, analisa.

SÉRGIO LEITE
O presidente da Usiminas, Sérgio Leite, vê com certa apreensão, mas com boas expectativas a crise vivida pela Usiminas Mecânica. Ele se apoia nos bons resultados obtidos pela holding nos últimos meses para justificar seu otimismo. “Os novos resultados são consequência de toda a mobilização em busca da obtenção de uma posição mais sólida para a Usiminas e para torná-la uma referência em qualidade e gestão”, afirma, apoiando-se nas recentes melhorias de classificação de risco da Usiminas por agências como a Standart & Poors e Ficht.
Sobre a Usiminas Mecânica, ele pondera: “Nós somos um grupo de 5 empresas, todas à exceção da Usiminas Mecânica estão gerando Ebtida (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Segundo Sérgio Leite, a Usiminas Mecânica atravessa uma situação especial. “É uma situação em que é extremamente importante destacarmos que ocorre em função do mercado em que ela atua. A empresa opera com uma capacidade instalada de apenas 15% e mesmo neste nível ela está equilibrada. Nós não estamos ganhando dinheiro, mas não estamos perdendo. O resultado que aparece negativo foi em função da Usiminas ter aderido ao Programa de Regularização Fiscal (Regularize) do governo de MG, que implicou para a Usiminas Mecânica numa perda em torno de R$ 20 milhões no seu Ebtida. Mas é uma empresa que está preparada para o futuro”, aposta o executivo.
Para o CEO da Usiminas, a equipe da empresa está fazendo um trabalho muito importante e uma vez que a economia brasileira cresça a Usiminas Mecânica também crescerá.

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