Policia

Operação desmonta esquema criminoso com recursos da AAPEC



Na casa dos investigados foram apreendidos mais de R$ 38 mil, carros de luxo e motos esportivas

(Créditos das fotos Divulgação GAECO )

IPATINGA – A Polícia e o Ministério Público ainda não sabem quantificar o valor exato do rombo aplicado dentro da Associação de Assistência às Pessoas com Câncer (AAPEC). Nesta terça-feira (9), oito pessoas foram presas temporariamente durante a “Operação Carcinoma”, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), formado pelo Ministério Público e as Polícias Militar e Civil.

De acordo com as investigações, os integrantes da entidade são acusados de desviarem verbas de doações e convênios para enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro e estelionato. As prisões foram realizadas nos locais onde a AAPEC possui CNPJ: Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Viçosa.

Além da entidade, estão sendo investigadas também outras 17 empresas que prestavam serviços de informática e telemarketing para a associação. O nome da operação faz alusão a um tipo de câncer mais comum no ser humano.
A ação contou com apoio de 76 policiais militares e civis. Foram cumpridos oito mandados de prisão temporária e mais de 20 mandados de busca e apreensão. Na casa dos investigados foram apreendidos mais de R$ 38 mil, cinco carros de luxo, duas motos esportivas e outros veículos comuns.

Estão presos Zilma Ferreira da Silva, a presidente da AAPEC; o filho dela Eduardo Silva de Souza e Dafny Domingos, proprietária da Global Telemarketing e Gestão Empresarial, que prestava serviços para a AAPEC. Outros 5 suspeitos de envolvimento também foram presos.

INVESTIGAÇÃO
As investigações duraram aproximadamente seis meses. Neste período o GAECO identificou que um núcleo criminoso operava um esquema dentro da administração da AAPEC, sendo que os recursos públicos e privados captados eram desviados em favor dos criminosos. As pessoas que deveriam ser as destinatárias de assistência pouco recebiam da associação.

Ainda segundo as apurações, verificou-se que a AAPEC possui filiais em outras cidades e contava com uma empresa de telemarketing e informática (Global), a serviço dos acusados. Estima-se que a arrecadação da entidade, feita mediante doações, chegue a R$ 1 milhão por mês. “Ao invés de tais doações realmente terem sido empregadas em favor de portadores de câncer, eram quase que por completo abocanhadas pela organização criminosa, inclusive, com esquema de lavagem de dinheiro, em um verdadeiro estelionato coletivo e crimes contra a economia popular”, disse o delegado da Polícia Civil Gilmaro Alves.

GERENTES
Conforme o delegado, Zilma, presidente da AAPEC mora em Belo Horizonte, mas quem administrava a entidade e gerenciava os recursos eram o filho e a nora. “A administração era feita de forma irregular. O estatuto da Associação proíbe o envolvimento de parentes da presidente”, disse o policial, acrescentando que foram montadas empresas de parentes de Zilma para que fossem beneficiadas com o esquema. “Essas empresas como telemarketing e informática tinham funcionários e serviços pagos pela AAPEC e ainda recebiam da entidade”.

OSTENTAÇÃO

A AAPEC também possuía um convênio com o município, com recebimento de recursos públicos; contudo, conforme foi apurado, além dos desvios relatados, a entidade deixava de prestar relevantes serviços aos portadores de câncer, como deveria fazer diante do convênio com o município.

Além do enriquecimento e a vida de ostentação, com carros de luxo e motos esportivas, levada pelo casal administrador (Eduardo e Dafny), eles ainda residiam em um imóvel de propriedade da associação na rua Machado de Assis, no bairro Cidade Nobre, sendo que a própria Associação dependia de um imóvel alugado para funcionar.
Ainda de acordo com as investigações, a entidade ainda é responsável por arcar com as despesas com alimentação, construções, viagens, festas, “fitness” e outros luxos e despesas pessoais dos investigados, valendo-se da solidariedade e sensibilidade da população.

“Muitos doadores das cidades de Ipatinga, Governador Valadares, Viçosa e Sete Lagoas acreditavam que contribuíam para auxílio a uma pessoa carente, acometida de câncer, quando na verdade estavam aumentando a riqueza da grei criminosa”, enfatizou a força-tarefa do GAECO.

BOA FÉ
Integrantes do GAECO disseram que “muitas doações eram contínuas e obtidas também de pessoas com poucos recursos, que agiam por inocente desejo de ajudar ao próximo. Igualmente, os fatos vinham chocando os funcionários da associação, já que claramente percebiam que pouquíssimas pessoas eram realmente incluídas para assistência pela AAPEC”.

NOVA FASE
A ação deu início a uma nova fase investigativa, visando verificar irregularidades em 17 empresas ligadas às investigações.

Sobre quem vai administrar a AAPEC e gerir os recursos, o Ministério Público informou que um administrador judicial foi nomeado para dar continuidade aos trabalhos. “Com a nossa ação, a gente pretende extirpar os desvios e continuar com a entidade, porque muitas pessoas dependem desse dinheiro para o tratamento”, finalizou o promotor de justiça Bruno Schiavo.

 


Dafny é proprietária da empresa de telemarketing favorecida pelo esquema


Promotor de Justiça, Bruno Schiavo garantiu que a AAPEC está sob responsabilidade da Justiça

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