Organização diz que aumento dos preços dos alimentos levará à onda de fome
NOVA YORK – A situação dos refugiados e das pessoas deslocadas internamente na África Oriental será agravada pelo aumento dos preços dos alimentos causado pela guerra na Ucrânia, advertiu hoje (13) a Organização das Nações Unidas (ONU).
“O conflito na Ucrânia causará onda colateral de fome ao agravar ainda mais os problemas existentes, como o preço recorde dos alimentos”, alertaram o Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), em declaração conjunta.
FOME
O PAM e o Acnur alertaram ainda que milhões de famílias deslocadas na África Oriental “serão mergulhadas na fome, à medida que as quantidades de rações de alimentos disponíveis diminuem, porque os recursos humanitários são esticados até o limite”.
O custo crescente dos alimentos e do combustível vem juntar-se a problemas pré-existentes, como os conflitos, a crise climática e a pandemia de covid-19. Além disso, mais de 70% dos refugiados que necessitam de assistência não estão recebendo uma ração completa devido à escassez de financiamento.
“Refugiados e deslocados estão no centro dos cortes de rações alimentares, agravando uma situação já desesperadora para milhões de pessoas retiradas de suas casas e frequentemente dependentes de ajuda para sobreviver”, afirmou Clementine Nkweta-Salami, diretora do gabinete regional do Acnur para a África Oriental, Chifre da África e Grandes Lagos.
INUNDAÇÕES E SECAS
Além disso, as inundações e secas estão se tornando mais frequentes e intensas em nível mundial e afetam gravemente países como Etiópia, Quênia, Somália, Sudão do Sul e Sudão, agravando a insegurança alimentar.
“A infeliz realidade é que a África Oriental enfrenta ano de necessidades humanitárias sem precedentes”, afirmou Michael Dunford, diretor regional do PAM para a região.
“As necessidades crescentes são um reflexo do que vemos acontecer no mundo, e imploramos ao mundo que não vire as costas à região e, em particular, às comunidades de refugiados extremamente vulneráveis, que têm acesso limitado a meios de subsistência e dependem do PAM para sobreviver”, acrescentou.
Na última década, o número de refugiados na África Oriental quase triplicou, de 1,82 milhão, em 2012, para quase 5 milhões atualmente, incluindo 300 mil novos refugiados só em 2021, de acordo com números da ONU.
Segundo a Acnur e o PAM, o crescimento do número de refugiados não foi acompanhado pelo aumento dos recursos.