Após incursões feitas nos últimos dias, PM Ambiental diz que animal pode ter migrado, porque não se teve novos registros de sua presença
Crédito imagem: João Marcos de Franco Silva
(DA REDAÇÃO) – Um exemplar de onça pintada, um dos maiores felinos da Américas, foi avistado na localidade de Córrego Pau de Folha, na zona rural do município de Ubaporanga. As imagens que registram a presença do animal foram feitas no último dia 30 por João Marcos de Franco Silva através de um drone e mostram a onça-pintada em uma gruta, nas proximidades da estrada de Imbé de Minas.
Considerado um dos maiores felinos das américas, a onça-pintada é uma espécie em risco de extinção e a preservação de qualquer exemplar é fundamental para garantir a perpetuação da espécie, que ocorre em biomas como Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal nos seguintes estados: AM, AP, BA, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PI, PR, RJ, RO, RR, SP e TO.
Cientificamente classificada como Panthera onca (Linnaeus, 1758), a onça-pintada é popularmente chamada, dependendo da região onde ocorre, como canguçu, jaguar, jaguaretê, Onça-pintada, onça-preta, tigre, yaguaretê e é considerada como Mamíferos Vulnerável (VU) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
TEMOR E ADMIRAÇÃO
Embora a presença do animal em áreas povoadas geralmente cause temor e apreensão entre os moradores, como é o caso de Córrego Pau de Folha, onde as principais abordagens falam de ataques do felino a animais de estimação, como cães e gado, é preciso salientar que trata-se de uma espécie rara e que precisa ser preservada. A onça-pintada também causa admiração pela sua beleza e raridade. Portanto, é necessário deixar que o animal, por si só, volte ao seu habitat natural, além de tomar as precauções necessárias para evitar ataques.
SEM NOVOS REGISTROS
Nesta segunda-feira (7), o sargento Enio Ferreira, da Polícia Militar do Meio Ambiente de Caratinga, disse que foram feitas visitas e patrulhamentos na região onde a onça foi avistada pela primeira vez, mas já não existem mais registros de sua presença no local. Segundo ele, o município de Ubaporanga está na jurisdição da PM Ambiental de Caratinga e as incursões feitas junto aos moradores tiveram o objetivo de orientá-los quanto às medidas de precaução a serem adotadas, como evitar provocar o animal, se aproximando da área de mata local onde foi vista, prender animais domésticos, instalar refletores e evitar a circulação durante a noite.
Ainda conforme o sargento Ênio Ferreira, o Ibama já foi comunicado sobre o avistamento do felino e estaria analisando a melhor resposta à sua presença na localidade.
“Durante as visitas nos últimos dias não se teve nenhuma nova visualização recente do animal, que pode ter migrado”, disse o policial ambiental.
Ele não se manifestou sobre eventual tentativa de resgate da onça, alegando que tal iniciativa, se tiver que ser feita, é competência do Ibama. O Diário Popular tentou, mas não conseguiu contatar as autoridades do Ibama em Governador Valadares nem em Belo Horizonte.
CAPTURA NÃO É OPÇÃO
O médico-veterinário Lélio Costa e Silva, do Centro de Biodiversidade da Usipa, especializado em Ecologia e Conservação Ambiental disse que comumente não se faz resgate de animais silvestres em “vida livre”. “Quando um animal é avistado assim a última coisa que se trata é exatamente de fazer resgate. Normalmente, ele toma a inciativa de se deslocar. A não ser que esteja impossibilitado por algum acidente, algum atropelamento. Aí, sim tem resgate. Mas não se coloca armadilha para tentar capturá-lo. Outra situação é quando o animal entra num ambiente urbano, como aconteceu há cerca de dois anos em Ipatinga quando uma onça parda entrou numa escola. Aí, sim faz-se a captura. Mas isso num ambiente que está ameaçando a própria vida do animal e de seres humanos. Em vida livre não se usa de forma alguma ir lá buscar e resgatar, até porque é muito difícil”, disse o veterinário.
ESPÉCIE ANCESTRAL
Conforme o site onçafari, que atua na preservação da espécie na região do Pantanal, antes das Américas serem dos homens, as onças-pintadas já exibiam seus corpos malhados por terras cobertas de verde. “Por mais de 100 mil anos, gerações do animal foram soberanas. Só encontraram rivais à altura de seu poder de caça quando o ser humano apareceu. Foi justamente com as onças que nossa espécie aprendeu a sobreviver no Novo Mundo. Primeiro, lições para nos escondermos na mata. Depois, lapidou-se o talento para caça. Passamos a dividir com os felinos as mesmas presas, o mesmo espaço. Passamos a nutrir por elas medo e admiração”, compara o site.
Ainda conforme a ONG, “a onça-pintada marca presença nas lendas pré-hispânicas da América Central. Faz parte da cultura oral passada por gerações, durante séculos, entre os povos da floresta continente afora”.