Com total flexibilização das regras de isolamento, UTIS lotadas e vacinação em ritmo lento, município registra 50% de crescimento no número de mortes desde o início do ano
(DA REDAÇÃO) – O município de Ipatinga registrou 103 óbitos por Covid-19 em pouco menos de dois meses em 2021, considerando o período de 1º de janeiro a 22 de fevereiro deste ano. Ou seja, em apenas dois meses, as mortes ocorridas em 2021 já representam 1/3 do total de pessoas que perderam a vida em 2020, desde o início da pandemia.
O município saltou de um média mensal de 34 óbitos, considerando os 9 meses da pandemia em 2020, para 51 óbitos por mês, o que representa um crescimento de 50% por cento – e fevereiro não chegou ao fim.
Para se ter uma idéia do que isso representa, se a média de óbitos verificada até agora for mantida, conforme sugere o atual estado de coisas – o ritmo lento de vacinação, falta de testes, subnotificação, superlotação de UTIs e a flexibilização generalizada, por exemplo -, ao final deste ano Ipatinga teria mais 618 óbitos, 311 a mais do que no ano passado, considerando um período epidemiológico de 9 meses em 2020, já que só a partir de março de 2020 o avanço da doença foi reconhecido como pandemia e passou-se a adotar políticas para tentar conter o vírus e a fazer a contagem de contaminação e óbitos.
NEGACIONISMO ALOPRADO
No auge da primeira onda em Ipatinga foram adotadas algumas medidas de distanciamento, fechamento do comércio, escolas, shopping, uso de máscara, etc, ainda que marcado por flexibilizações e “abre-e-fecha”. Nesta segunda onda (ou agravamento da primeira), embora haja uma vacinação – ainda em ritmo muito lento, repita-se –, com abertura do comércio, shopping, escolas, inexistência de qualquer fiscalização de uso de máscaras em templos religiosos, bares e locais de aglomeração de pessoas, a tendência não é das melhores. Vive-se um clima de “liberou geral”, como se fossem tempos normais e atitudes negacionistas ganharam força com a saída do município do Plano Minas Consciente – que impunha restrições a partir de certos índices pandêmicos. Neste sentido, inclusive, eventuais ganhos da vacinação podem ser perdidos com a aglomeração desenfreada e o negacionismo aloprado.
SÓ A DOENÇA AVANÇA
Outro agravante é que mesmo com o avanço da doença e dos óbitos em razão das medidas de flexibilização, do descaso dos poderes públicos e da população, nada também foi feito para ampliar as condições de atendimento nos hospitais. Nenhum leito de UTI ou de enfermaria foi aberto desde o início do ano. Junta-se a esta situação a falta de medidas rígidas para conter o avanço da doença, compreendido aí pela falta de políticas públicas rigorosas e eficazes e a “normalização” da pandemia por grande parte da população que aderiu ao negacionismo – desacreditam na vacina e no próprio vírus, na eficácia do uso de máscaras, no distanciamento social e crêem em teorias conspiratórias sobre uso de medicamentos sem eficácia (caso da cloroquina e da ivermectina), na “origem chinesa” do vírus para vender vacina, inoculação de chip através da imunização e outras bobagens largamente difundidas até mesmo pelo Ministério da Saúde, por integrantes do governo, a começar pelo presidente da República, e outras fontes nada confiáveis.
LIMITES E ALCANCES
Os números do período ilustram os limites das políticas de saúde de combate ao coronavírus e à Covid-19 em contraposição ao alcance e avanço da pandemia na cidade.
O total de casos positivos em 1º de janeiro foi de 14.869 e no Boletim Epidemiológico de 22/02/2021 era de 18.950, ou seja, mais 4.081 contaminados em 52 dias.
Já o total de casos recuperados, subiu de 13.358 para 16.298, isto é, 2.940 pessoas que conseguiram superar a doença.
UTIs
À guisa de comparação, o Boletim Epidemiológico emitido pela PMI em 1º de janeiro de 2021 aponta que foram registrados 307 óbitos. Com um total de 14.869 casos positivos e 13.358 recuperados.
Na mesma data, a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 SUS era de 91% com 41 dos 45 leitos ocupados. Na UTI não Covid-19 eram 31 dos 35 leitos ocupados com taxa de 89%.
Com 95% dos leitos de UTI Covid e não Covid-19 SUS ocupados, a Prefeitura de Ipatinga registrou na segunda-feira (22/02/2021) um total de 410 óbitos. O Boletim Epidemiológico registrou ainda que 4.738 pessoas receberam a primeira dose da vacina e 2.899 receberam a segunda dose.
Dos 45 leitos de UTI Covid-19, 43 estavam ocupados (21 por munícipes e 22 por não-munícipes), significando 96%. Já dos 35 leitos de UTI não Covid-19 SUS, 33 estavam ocupados (94%).
ENFERMARIA
Em 1º de janeiro, dos 75 leitos de Enfermaria Covid-19 SUS, 45 estavam ocupados (60%) e de Enfermaria não Covid-19 SUS, eram 268 leitos ocupados dos 347 existentes (77%).
Em 22 de fevereiro, dos 75 leitos de Enfermaria Covid-19 SUS, 38 estão ocupados, representando 51%. Dos 347 leitos de Enfermaria não-Covid 19 SUS, 305 estão ocupados (88%).